29 de setembro de 2011

Vazio


Eu queria apenas olhar nos seus olhos
Deixar que o vento tomasse conta das palavras
E o calor ou o frio fossem as sílabas da minha oração.

Eu consegui, por você, uma chance de fazer faculdade
Eu estou jogando futebol melhor do que antes
Eu estou vencendo na vida a cada dia
Eu estou indo na igreja agradecer a Deus por tudo isso,
Mas...

Eu poderia te mostrar o meu diploma
Eu aceitaria não jogar nada e tê-lo me criticando
Eu me esforçaria para vencer sem te perturbar tanto
Eu iria na igreja contigo de novo.

Na verdade...
O câncer do meu coração sua [lágrimas de saudade]
E choro, choro, choro...
Daí então paro de chorar para fazer as minhas responsabilidades.
Depois choro, choro, choro...
E trocaria tudo. Isso! Tudo! Isso tudo!
Para poder te abraçar mais uma vez
E fazer do meu sonho
De que tudo isso é apenas um sonho,
Um despertar e não ter ido trabalhar,
E não ter visto você ir sem que ao menos
Eu pudesse lhe dar um beijo,
Lhe dizer adeus...
E lhe dar um abraço... Um último abraço...
Volta!
Só para dá-lo a mim... Por favor!!!

27 de setembro de 2011

Entre...

Eu respirei o ar puro da noite
E a comédia do destino surpreendeu-me.
Deixo que o sorriso da lua não me acanhe
E que eu possa chamá-la para bailar
Sob o tom dos versos, sob a melodia dos ventos.

E que sobre tudo o que não é intransitivo
E que deixe as equações se igualarem ao universo
Deixe tudo...
E venha cá
Sentar ao meu lado e mais nada.

26 de setembro de 2011

Quando a vida perdeu o sentido



Onde estão os dentes que eram mostrados
Como forma de gratidão?
Para onde foram as cintas que cruzavam as barreiras do espaço
E me acertavam como forma de ensinamento dos meus princípios?
Você sabe aonde deixei as minhas lágrimas?
Ninguém progride sem uma dor no coração,
Mas a minha não precisava ser tão cruel.

Sua-me sangue as palavras de carinho
Por ter deixado passar alguns segundos sem você.
Sinto como se as cravas da chuteira de menino sonhador
Estivessem cravadas no peito como protesto
Para trazer de volta as críticas de ascensão.

Onde estão os xingamentos insensatos?
Para onde foram as horas sem dormir de preocupação
Com a minha ida para longe?
Você sabe o que é saudade? Sabe mesmo?
Talvez eu achasse que sabia,
Mas o desespero de agora me fez perceber que é muito pior.

Sua-me sangue as palavras de carinho
Por ter deixado passar alguns segundos sem você.
Sinto como se a gripe depois do futebol feliz na chuva
Estivessem sido apenas saliva de raiva
Mostrando como é terrível a dor de não poder tê-lo salvado.

Onde está o tudo aquilo que deseja e o nada que te importa?
Não importa!!!
Apenas quero poder vê-lo novamente,
Senti-lo,
Sorrir para ti,
Mostrar que estou chorando,
Dar um abraço de filho sem colo.

Se há alguma possibilidade
Me leve para brincar,
Me leve ao cinema,
Me compre uma bola ou uma bicicleta de novo,
Me dê dois reais por cada nota dez no boletim,
Me bata quando fizer arte,
Me deixe de castigo,
Me pergunte sobre namoradas,
Ou aceite o primeiro pedaço de bolo de aniversário.

Se não puder,
Apenas ouça o meu desespero:

“EU TE AMO MAIS DO QUE EU!”

Pé de maçã



Sou bateria descarregada
Sou bateria na passarela
Minha fraqueza bate como chamamento por ela
No embalo nasce o desejo
No desejo nasce o fruto da perdição.

“Ah, como eu queria maçã!”

Se eu fosse alguém sem vida, bateria.
Mas não bato sem o instrumento, a melodia da vida
Bato palmas como garantia
De que o show é mera desgraça sentida,
Sem tino, desatino.

Se fosse possível a tua paixão sobre mim,
Mas não é!
Você apenas me quer como pedaço do seu desejo
Como queijos que alimentam os ratos.

Você me quer porque não sou tipo,
Não o faço assim como não o vivo.
Sou eu assim como o vento é brisa
Sou metáfora de clima temporal
Sou homem, mas não sou igual.

Alguém quis me tirar a essência
Sugá-la para si, tornar-se forte e sumir.
E eu então ficaria sendo o comum,
Assim, como qualquer um,
Mas eu não quis.

Quando deixar de me querer apenas para saciá-la
Somente para cessar seus desejos
Estaria na rua sete esperando o trem passar
De cabeça baixa a ler uma história qualquer
A mesmice do homem que sofreu por uma mulher.

“Por favor, traga-me uma maçã.
Pois todo amor há de sobreviver entre a pimenta e o doce
e mesmo que assim não fosse,
Eu adoro maçãs.”
 
[...]

E se quiseres saber mais
Saiba que trago uma cesta de lembranças boas.
Quem sabe não podemos fazer um piquenique
Ornando meus suspiros aos seus desejos,
Meus desafios aos seus medos,
Meu fio aos seus cabelos,
Minha cesta à suas mãos
E sairmos sorrindo como se nada tivesse acontecido
E tudo não fora, por querer,
Qualquer mera história do destino.

“Adoro perder-me.”

25 de setembro de 2011

Quarto cheio vazio



Vejo o meu quarto assim como vejo a minha vida
Vejo tanta coisa amontoada por cima
Vejo a vidraça embaçada pelo frio
Vejo tanta coisa jogada aleatoriamente
Vejo tanta gente...
Vejo a seringa vazia, jogada, antes do lixo.
O lixo é o meu quarto
E o vejo como a minha vida...

Meu desânimo do dia a dia
Minha vontade de dormir todos os suspiros
Mais saudade do meu ânimo
Minha saudade do resto da minha casa...
Mas aqui estou eu entulhado no meu quarto...

Tem pratos, copo, computador, carteira;
Tem seringa, tomada, camas, travesseiros, mesa;
Tem televisão, rack, desodorante, bolsa;
Tem carregador, fone de ouvido, colchão, calça;
Tem cadeira, guarda-roupa, óculos, camisa e remédio;
Tem algodão e tem sono;
Tem medo e desânimo;
Tem laranja e eu...

Assim como a minha vida
Tem tudo o que temia que tivesse
E tem falta, a fundamental...

Sim!
Eu tiraria tudo isso e poria um ponto final...
Não precisaria ter nada
Se tivesse você...
Eu e você... E nada,
Nada mais.

A sacada



Eu sinto que amar é transitivo
Transita indiretamente entre o meu todo e o nada,
Entre o meu coração e algum ponto da terra.

Em uma simples tacada... O buraco.
Soa-me frio a voz do vento
E procuram no meio dos olhares estranhos
O amor que não encontraram cá.
Minha educação de outros tempos
Me permitiu ir sentado no banco de trás
Mero espectador da perdição,
Mas fazer o que a mente humana impõe aos desejos
Jamais!

E estive pensando naquela queimadura
Cravada com o ferro quente
No sofrimento lacrimoso do desespero, do passado.

Não ouso dar sequer um passo perto da sacada.
Sim, a sacada!
Aquela de que moro no coração e ouso olhar além.
Nela consigo apenas olhar um mundo que não me pertence,
Que me enche os olhos, faz brilhar as meninas deles,
Mas prefiro deitar na cama e apenas sonhar,
Pois o sonho é essa ponte de transição direta
Entre o que sou e o que quero,
Entre o que quero e o que posso,
Entre o que posso e o que desejo,
E entre o desejo e tudo aquilo que me prende.

Nessa ponte paro,
Olho o mar e o horizonte finito
E durmo... E acordo...
E amo.

22 de setembro de 2011

Tantas coisas

Imagem retirada da internet


Eu queria ser segunda-feira
Ser o fim e o contar
Da semana as besteiras,
Do sábado as bobeiras,
Do domingo a igreja.

Eu queria ser terça-feira
Tão insignificante e comum
Apenas existente sem crime algum
Sem lua, sem sol.

Eu queria ser quarta-feira
A esperança e o jogo de futebol
O meio fio do tempo e da semana
A terça-feira mais tardia
Com lua, com sol.

Eu queria ser quinta-feira
Na expectativa e no quase
Nada que o sono não ajudasse
E o tempo no sonho, na realidade passasse.

Eu queria ser sexta-feira
Da alegria e do cansaço
Ou vice-versa.
Das últimas horas até a cerveja
Das cartas na mesa e das senhoras.

Eu queria ser sábado
Do dia esperado
Da bobeira do tempo perdido
Da ligação do amigo
Da balada ou conversas jogadas.

Eu queria ser domingo
Acordando tarde esperando o jogo começar
Acabar e ir à missa.
Pedir perdão, pedir mais semana,
Agradecer... A Deus.

É tanta coisa
Queria ser todas elas e mais um pouco,
Mas agora quero ser nada. Sou nada.
Eu caibo nisso tudo!
E no entanto,
Não sinto nada dentro de mim.

Eu sou assim
A vida que passa,
A saudade que fica de quem passa mais rápido,
A lágrima que escorre,
O sorriso que emana,
Tudo o que há no nada
E nada que não tenha todo esse tudo.

Enfim...
No fim...
Com ou sem final...
Sou simples assim.

20 de setembro de 2011

Qualquer coisa sem coisa qualquer



Eu não preciso de muita coisa para me sentir feliz
E para me sentir feliz eu preciso ver as pessoas felizes
E elas sim são quem precisam de muita coisa, pois são muitos.
Você poderia muito bem me colocar no colo e me por para dormir...
Mas talvez não conseguisse
Por eu não dormir enquanto eu não conseguir vê-la sonhando.
Algumas pessoas se interessam por mim por eu parecer mistério,
Daí então descobrem alguma coisa e acham que o mistério terminou
E perdem o interesse...
Depois descobrem que aquilo não era nem parte do mistério que sou.
Mas não é meu o mistério
O mistério é a vida.
Posso parecer por eu ser mistério
Mas não sou o mistério
Pois parecer nunca é o que se parece de verdade.
As pessoas parecem algo e não são quando as conhecemos
É um bom exemplo,
Mas ainda assim sou diferente.

Paralelepípedos


Imagem retirada da internet


 Eu amei e confesso que amei.
E não sabia o que era amor, mas amei.
Eu deixei o nada sugar de mim toda alegria
E tudo o que fazia tinha um pensamento nela.
Passou ano, veio ano, passou ano, veio ano, passou ano e nada
E eu me sentindo esperançoso de poder ter tudo
Tudo fruto do egoísmo
Tudo o que eu queria
Tudo o que traria a minha felicidade.
E então você jogou as minhas lágrimas no lixo
Fiquei com cara de espinho de flor.
Acabou aí a descoberta ou tentativa de saber o que era o amor.

Então decidi seguir por estradas cegas
De passos incorrigíveis e minhas solas
As solas dos meus pés que pisaram em pedras
Sangrou. Chorou vermelhidão. Abraçou a solidão interior.
A carne teve duas ou três namoradas e suas vezes
Vezes jamais multiplicadas, divididas ou somadas,
Subtraídas vezes de felicidade.
Então me tornei sozinho
Quis me tornar sozinho,
Pedi para eu ficar sozinho,
Declarei-me só e só.

Hoje, cético de coração
Não acredito nem que tenha existido outra você
A não ser a que me recebia de visita
Somente isso e nada mais.
Nunca houve, pelo que acredito ao menos,
Ninguém que eu tenha amado,
A não ser que você tenha existido.
E se existiu mesmo, me desculpe, mas...
Mas eu não me lembro de nada a não ser visita.

O meu coração hoje é rua, sarjeta
O meu dia não tem mais lua, ainda que discreta
A minha tarde da noite não tem sol, nem bemol.
E por ser rua não tem porta.

Você,
Me desculpe...
A senhorita que está pretendendo achar as chaves do meu
Procura por faca em mãos de borboleta.
Convivo apenas com a retórica da vida,
Com a mortandade,
Com as sujeiras da sociedade,
E sem qualquer perspectiva.
Nem tente!
Não há ninguém presente
A não ser lembranças de quando não havia me esquecido
De que amava me sentir amante.
E nunca fui.

Se choro, todas as noites e madrugadas
Choro em vão pelas calçadas
Pela traição entre o meu peito e a minha memória
Contra o meu coração.


18 de setembro de 2011

Meu lindo aniversário



Eu comprei salgadinhos e refrigerantes.
Abri o portão várias vezes.
Cumprimentei e recebi vários cumprimentos.
Recebi presentes.
Recebi abraços e beijos.
Conversei, sorri...
Cantei parabéns.
Distribui bolo.
Comi bolo.
Me despedi.
E em tudo isso eu senti...
A falta da minha importância
A falta do meu coração
A falta da minha alegria
O excesso de vazio
A ausência árdua de mim
A presença de quem faz parte do meu dia
A falta do abraço forte
A falta da secura de um parabéns
A falta de vê-lo na sala
A falta de vê-lo brincando com os amigos
A falta de vê-lo na cama depois de tudo
A falta de não tê-lo para me mandar agora dormir
A falta do beijo de boa noite
E a presença dolorosa das lágrimas no meu rosto.

Enfim...
Pai, me abraça!
Enfim...
Estou feliz!
Enfim...
Te amo!
Enfim e no fim...
Volta!
E as palavras foram embora...

12 de setembro de 2011

Da tristeza que não quero

Por que a Tristeza existe?
Obra de Deus? Obra do diabo?
Por que passar por entre as cachoeiras
e ter de olhar para dentro delas
e perceber que as suas águas
são lágrimas da natureza.

Por que a natureza se entristece?
Não é ela a representação divina?
Deveras é! E pode Deus estar chorando
por ver seus filhos guerreando, se matando,
aplaudindo o mal e o ruim, e não orando.
Não com fé. Não com crença.

Mas o que tenho eu a ver com tudo isso?
Por que mesmo sendo bom preciso chorar?
Por que também o mais belo sentimento faz sofrer?

Não procuro nas minhas inquietações resposta alguma
Nem nas pálpebras inchadas, na maquiagem do palhaço borrada,
Na incerteza que vivo, no sorriso que se molha e se afoga,
Em nada disso eu procuro alguma forma de preencher este vazio.

O homem, e falo como um,
Explicita-se até na sua elipse.
Quer ver brilho dourado do sol num eclipse.
E pudera eu poder usar as mãos.

As mãos do meu coração,
da minha mente enraivada de tristeza,
da minha saudade que eu teimo em ter
daquilo que nem mesmo tenho, que me é futuro.
Pudera eu nunca domar,
nunca ser domado,
nunca maltratar para que a Tristeza não exista.
Mas ela existe!
Infelizmente existe!

E posso reclamar, urrar, berrar, gritar, orar...
Que mesmo assim a Tristeza chega
Arrebata, sufoca, mata...
Mata minha esperança,
Meu presente, futuro, meu tempo.

Resta-me aprender a viver na Tristeza
Que o homem não enxerga,
Que alguns se fortalecem,
Que outros gostam nos outros, mas não em si,
Que o homem não pensa...

Pudera eu ter poder algum sobre a vida
Porque a vida é palavra viva,
Tem Tristeza, mas não se abate.
Se eu mesmo o tivesse
Declarava lei ser feliz!
E quem não quisesse para o próximo
Mesmo que quisesse para si
Teria de pagar a penitência num buraco triste.

Mas... Não é assim a realidade?

Espero que não!
Porque a Tristeza está ao meu lado.
Está sorrindo para toda palavra que disse
E sussurrando que está tudo terminado.
E eu continuo não acreditando e insistindo
Para que alguém me ouça
E eu largue essa Tristeza.
E para com Deus eu tenha
Uma vida terrena para ser feliz.

Solitária é a Tristeza!
E eu?
Bom... Eu estou aqui lhe fazendo companhia
E sendo ela solitária
Não poderei tê-la por aqui.

Vou ali viver!
Quem sabe eu arrume melhor companhia
E possa sorrir,
E possa amar,
E possa ao menos abraçar e dizer que é importante.
Da Tristeza nada me recordarei
Por ser então sorriso
Acompanhado de um alguém que condiz
Com a minha missão de ser feliz.



O Beijo



Os beijos,
Ah! Os beijos!
Tudo começa por eles
Há uma conversa por antes, claramente
Mas no beijo começa a ânsia.

Desgraçado beijo!
Que tantos homens o estimam
Puramente por saciar os seus desejos
Não na alma, mas na carne viva.
Oh Homem! Carnívoro inerte!

Beija antes de amar
Beija porque ama
E será que mesmo é capaz de amar?
Ou o beijo é apenas um motivo?

Uma, duas, três, quatro... Mil mulheres
Tantas quanto os seus beijos
De mordidas. Os suaves. Os molhados. Os que simplesmente foram.

Beijos.
Tão fúteis para nossa alma
Tão imprescindíveis para os nossos desejos
E os nossos desejos são preces do nosso corpo
Que se ajoelham perante a carne
Como abutres, como urubus
Que mesmo na carne morta, saciam-se.

Desafio meus anseios,
Mas meu instinto, por menos animal que seja,
Clama por beijos.
Detesto-os!

Mas apenas por pensar no corpo mulheril
No desespero desejado que nos fora dado,
Por um dos por quês de que fomos criados,
Penso em beijar
E não menos nas suas consequências.

Excitante o júbilo de outrem
Resgato no instante de cegueira
De pensar, de pesar, de não prosseguir ao meu princípio
Resgato-o. Beijo indesejado!
Maltrapilho. Criança do meu futuro carnal.

E tenho tanto o beijo em mim
Que meu coração pede para que este o aqueça
Que eu me sinta dopado pela sua quentura
Dado pelo amor devaneado.

Enfim,
Se quero fugir da realidade,
Se quero conquistar o ápice do meu calor,
Se te quero, mulher! Como objeto,
Se compadeço sobre a minha fraqueza...
Te beijo.

Toda complexidade interior
Culpada por este ingrato sorriso do meu ego
O beijo!

11 de setembro de 2011

Tudo se encaixa em qualquer caixa



I

Pedra e pau
Servem para machucar e para proteger.
Mais, menos e igual
Servem para sorrir, chorar e ter alguém para amar.
Aliteração e violão
Servem para dar som e para aquietar seus impulsos.

Tem cachoeira e árvore
Tem flor na grama
Tem calma...
Tem tudo isso quando se ama.

Eu amo e tenho a quem amar
Só não consigo tocar além do espelho
E me vejo nela através dos seus olhos
Fixos, penetrantes e que hipnotizam...
Me levam aos seus sonhos
Andamos juntos para entender os seus desejos
Caminhamos
Entre a cachoeira feita de pedra,
A árvore feita de pau,
Na flor da grama fazemo-nos mais,
Tornamos o tempo menos,
E nos tornamos igual
Na calma do violão,
No amor explicado pela aliteração.

II
E acordo,
E desperto,
E no desespero de não tê-la por perto...
E vejo,
E volto àquela vez em que quase houve um nós,
Um beijo...
E volta e meia, inteiramente me sinto seu
E sendo seu suponho que suo tuas lágrimas
E está calor, e suo mais,
E chove só agora, e choro toda hora
Porque queria tê-la aqui, mas sonhos não há
Acordei e acordado quero amar, não mais sonhar.

Mas você está longe,
Mas você nem mesmo me quer,
Mas você já sonhou comigo,
Mas o que isso vale enquanto não te vejo sorrindo?

E então você sorri
E tudo então vira sonho
E daí não consigo dizer tudo o que sinto
Porque sei que ali nada é real.

III
Se sabe que estou aqui
Não se contente em reservar-se
Eu continuo assim, sem saber o que você sente
Deixe de ser sonho que então deixo de sonhar
Seja a causa do meu suspiro em noite de luar
Seja a tua estátua e o meu monumento
Sejamos um ao outro o sem querer dos nossos momentos
E que sem querer, e sem destino, e sem medo
Sejamo-nos o nosso sonho nunca visto,
Nunca palpável e mesmo assim
O único já vivido.

10 de setembro de 2011

Religião



Crer no que te afoga
É a tua crença, um carma
Para quem ousa enfrentar
O Livro Sagrado e o mundo
Teu achado poderio, perdido desvario.

Crê que volta, crê que é santo,
Crê que é pecado rezar.
Deus existe, Jesus salvou
Tudo para o homem que errou
Quando inventou religião
Que ao invés de rezar, orar e agradecer,
Brigam entre si.
 Não há amor!

O canto, o louvor,
Fazem-me crescer e acrescentar
E você que ao invés de adorar
Vive do preconceito,
Julga sem ao menos saber,
Usa do teu palhaço desrespeito
E quer ser respeitado.
Ironia não! Apenas fato!

Você é negro,
Ele é branco,
Ela é amarela,
O outro tem cor de tomate,
E muitos são arco-íris.

Não use do teu ceticismo
Muito menos do dogmatismo que te prende
E respeite,
E aceite,
E seja feliz.

FELIZ!!!

É esse o objetivo,
Foi para isso que fomos criados,
Foi isso que Deus quis.

ELE nos ama...

Amemo-nos!

8 de setembro de 2011

Sentado ao luar



O que você acha que é a vida?
Qual a verdadeira cor da tulipa?
Todo gole d’água pode virar gelo
Mas gelo, depois de neve, não tem gosto de água.
A montanha está acima do mar
E abaixo do homem que soube amar
Subiu na árvore do pico
Vento frio, sol seco,
Olhando para cima
E depois as estrelas do mar
Que nasce no rio e segue a correnteza
É o lírio nos olhos da natureza falante.

Vejo na orla da praia
Pê e Lúcia olhando o horizonte
Ursinho de pelúcia foi presente
Beijo é troco bem dado
Desde que não seja assaltado
É prazeroso
E o prazer...
Ah o prazer!
Ele faz nascer o sumo mais raro da nossa existência
E se fazemos suco
Do espelho a nossa essência
Juramos então dizer à ausência
Que pedimos licença
E lançamo-nos ao abismo bom
Caímos e encontramos uma mão
Não de bruxa, nem de fada
Mas a que se encaixa com a nossa
E a gente anda no shopping
Compra besteira, fala bobeira,
Beija no escuro, na cama e na noite da areia.

Vejo um futuro
Vejo um muro
Vejo Alemanha, faço manha,
E acordo todas as manhãs para a independência
Mas sempre dependerei do meu sentimento
Daquele momento só de dois
Quando o resto é sinônimo de depois.
E nada mais...

Conto um reflexo


Estoura no delicado toque
de dedos que já tocaram a face
lisa, maquiada, linda
Plástico bolha.

Guerreiro que luta sem ter de longe
a sua dama que chora sua partida
não tem motivo para coragem
não vence a si mesmo
vence com medo.

Surfista que não viu Golfinho
perto, no horizonte
não sabe o valor da água
moradia dos sonhos chorados.

Mestre que nunca errou
ao apertar a mão do mau pupilo
nunca entenderá a magia
de se prostrar para a vitória.

Assim como eu
que sonho todo dia
entre ser guerreiro e surfista
mestre e plástico bolha
Torno-me golfinho
dando amor à qualquer carinho
esperando a mulher que longe está
louco de vontade de tocar sua face
e amar.

7 de setembro de 2011

Re-Produzir



Produzir propriamente sua propriedade
Não significa ser mestre da sua própria obra
Mestre usa a mente e a reproduz
A obra é a reprodução
Relação casual entre a mente e o coração.

Homem e mulher reproduzem
Se olham, se apaixonam... E se iludem?
Oras! Ilusão é sina do medo
Fascina o receio e transporta o acaso
Não que venha ao caso,
Mas preciso me trocar
Entre nenhuma das minhas máscaras
Dou a cara nua a tapas
E por estar tua nasce a minha graça
Palhaço que chora
Caricatura que implora
Para que seja real e possa amar o engraçado.

Produzir e reproduzir
Se olhar e seduzir
Ir à luta e vitória
Ser honesto e ver a glória
Sinônimos que se separados
São a continuidade da vida humana
Da felicidade aos próprios passos
Não tem rima, não tem som,
Mas tem a poesia de mesmo tom.

Sou vivo e sinto
Portanto reproduzo a minha produção
Ou então
Sinto a minha canção.

Homenagem à Eloísa Ricci

Independência ou tédio



“Ah se o meu dia fosse diferente!
Se o tédio não me cobrisse e pusesse pra dormir.”

Olha o sol lá fora
Queimando cabeças, fritando os miolos
Vá tomar um sorvete agora!
Contar piadas, falar besteiras, dar risadas
Porque a alegria é feita para as horas,
Para o dia.
E se tudo congelasse e nada se movesse
Você poderia se tornar um quadro “Monalisa”
Teu sorriso imóvel caracterizaria
O sopro de felicidade no seu dia.

O seu fone de ouvido não traz a tua independência
A tua guitarra não significa que dela tens a essência,
Mas às vezes a força da palhetada.

Usufrua do seu sorriso inocente
Da sua gargalhada estridente
Da sua força interior de mudar
E mudar não significa tirar e pôr
Mudar é inovar sem perder o amor.

O dia terminando
E você me escutando
A música terminando
E enfim vejo você sorrindo.
A coberta do tédio foi tirada
Saiu com as amigas sem hora marcada
Foi feliz neste dia
E de nada mais precisava.


Dedicada à senhorita Vitória Trevilato

6 de setembro de 2011

Mendigo social



Eu precisava de algum critério
Alguma forma de não mostrar o desespero
Menor desrespeito ao mais velho
Nobre e forte escondido sob o medo
As gravatas escondem o bolso cheio
As mãos honestas tremem ao receio.

Jogue as latas
Jogue as migalhas
Suje as minhas mãos
Meu orgulho e meu caráter
E então deixe que eu empurre o carro
Carro de papelão
Veículo de menosprezo
Papel de ladrão
Que jogou fora a moça da limpeza
E o dinheiro sujo guardou no cofre embaixo do chão.

Quem roubou a educação de décadas atrás?
Quem deixou que a ignorância fosse natural?
O aprendiz ignorante de ontem
É o pai de hoje que ensina o que aprendeu
Ser bandido é legal
Ser desumano é normal
Ser e não ser é igual.

Quem culpou a Deus pelo erro do homem?
Não mereço julgamento
Nem mereço do que sou fazer o meu jumento
Amarrar-lhe a carroça nas costas
E sair em busca da minha dignidade...

Jogue as latas
Jogue as migalhas
Suje as minhas mãos
Meu orgulho e meu caráter
E então deixe que eu empurre o carro
Carro de papelão
Veículo de menosprezo
Papel de ladrão
Que jogou fora a moça da limpeza
E o dinheiro sujo guardou no cofre embaixo do chão.

Carro de papelão
Veículo de menosprezo
Papel de ladrão!

5 de setembro de 2011

Como se existisse


Eu sempre sonho
Eu sempre vejo o mar
Eu sempre sinto a brisa
Eu sempre sinto o cheiro
Eu sempre alcanço o arrepio
Eu sempre toco e beijo
não necessariamente nessa ordem
Eu sempre tenho vontades
e sou vontade
Eu sempre, tudo
Eu sempre nada
Eu sempre nunca...
E assim
Você existe.

(L.A.)