31 de outubro de 2011

Secreta por acaso

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Era um sopro quente
Na frieza dos dias chuvosos
O sabor de um beijo triste
O valor de um sorriso sincero
Na destreza do destino, mistério
Surpresa e incerteza misturadas aos nossos
Acasos.

A corda perdida do violão
Não dá mais o mesmo tom
Não é mais a mesma bolha de sabão
Que num singelo toque se desfez
Era reflexo dos nossos carinhos de outra vez.

O anel que guardei na caixinha secreta
Pinta a ilusão da vontade sincera
Desejo de um beijo com a porta aberta
Mentira é um manto invisível na verdade incerta
Tiraria da caixinha toda essa verdade
Que guardo nela...
A verdade é o que me mantém lúcido
E a caixinha... A caixinha é secreta...


Eu só queria te dizer que tudo o que guardo em ti
É tudo o que me permite estar vivo
Está tudo em meus olhos...
E meus olhos...?
São brilhantes e aguados
Um puro reflexo de quando você está ao meu lado
Aparentemente invisível, misteriosa, enfim...
Secreta!

25 de outubro de 2011

Nada











Às vezes eu me perco no nada
E me parece que tudo é nada
Nada teve sentido e senti tudo
O que em nada mais poderia
E assim como parecia
Eu chorava, esperneava, sorria
Por pensar no que aquece o coração
Mesmo que eu não tenha nada
E nada como perceber que tudo move neste nada
Em uma velocidade nada tangível
E o meu retrógrado pensamento dos meus sentimentos
Quando retornam ao que aconteceu vê que tudo aquilo foi nada
E nada me restou, nada preciso perdoar,
Nada como viver novamente
Mesmo que nada tenha acontecido para recomeçar
Nada...
Nada...
Nada... E chega à praia onde nada é igual à cidade
E lá, do nada, nada aparece e faz-me sentir o que nada me fez antes
Nada menos,
Nada mais,
Que amor dado sem precisa dizer:
"Obrigado” ou “de nada."

Algum outro lugar



Eu tinha medo de ser aquilo que nunca sonhei
Dizer o que nunca pensei
E fazer o que contrastava com a minha vida.

Eu toquei no coração que não falava
Chorei pelo olho que não sentia
E nem por isso deixo que a madrugada
Deixe de ser a inspiração incalculista.

Eu posso ouvir os motores
Ver prédios grandes serem de pequenos senhores
Pequenos de alma, de calma, de transformação interior.

Eu troquei meu dinheiro,
Busquei o intangível e rodei meio mundo inteiro
Só para encontrar um sonho de novo amor...

21 de outubro de 2011

Vantajoso



Adoro ter alguma vantagem, porém
Estou no centro entre quatro caminhos
Ainda sem saber por aonde ir.
- “A, B, C, D?”
Não sei!
Por isso ainda estou no centro.

Poderia bem escolher qualquer um,
Mas prefiro estar lúcido e sonhar
Que sonhar achando que estou lúcido.
É preferível saber que se pode saber o que há nestes caminhos
Que sonhar achando que sei.

Posso dizer que estou num poço profundo.
Então me resta viver,
No poço ainda há vida
Ainda que mais para o fundo esteja
E a vida é a maior vantagem de se viver.

Remédios

Imagem retirada da internet


Para uma gastrite de amor,
Apendicite de solidão,
Laringite de medo,
Dor de cabeça do coração,
Existem remédios se não
Para amor, solidão, medo e coração.
Basta vasculhar todas as nossas opções,
Pegar os problemas alheios,
Achar alguém para amar
E só de procurar já cura a solidão,
O medo e acaricia o coração.

Para uma faringite de ansiedade
Gotas de calma extraídas de nós.
Se houver dores nos pés de saudade
Comprimidos de verdade para os que estão longe e só
E sabem que um abraço alheio cura metade
Saber que estão vivos e se encontrarão curará a outra.

Dizem que não há remédio algum para curar a dor na Alma.
Eu, médico de nada que entende o vácuo escuro,
Passei a entender que se é Nada e Vácuo
Por que existe então, dentro deles, o Escuro?
Eis a Luz, a cura para a dor n’Alma:
Achar na impossibilidade da vida, a Vida.
Encontrar nos mistérios da vida, a Vida.
Mistério e impossibilidade,
Ainda não sabemos se podem andar juntos,
Mas a cura para todos eles encontraremos Vivendo!

20 de outubro de 2011

Desespero bom

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O teu sorriso me barra
O teu jeito me chama para dançar
Se o meu sentimento não a conhecesse
Eu talvez não quisesse saber valsar
Passo sim, passo não, piso no pé então
E o meu desejo é ver o seu sorriso desfazer a pedra do meu coração.

Vejo, ele e aquela entre beijos e sorrisos
E logo sua foto me vem à cabeça
Talvez eu só mereça flagelar-me
Desfazer-me em lágrimas,
Mas não as do teu rosto
Porque isso seria demais para mim.

Eu já senti o coração disparar,
O corpo tremer, a mente delirar,
Simplesmente por uma lembrança.
Eu chorei distante, eu estive perto e parecia ausente,
Eu quis tanto que acabei num canto escuro. Deprimente.

Esqueci, sobrevivi aos cacos, e fui viver.
Quebrei a cara e aprendi.

Porém agora eu sinto o corpo trêmulo novamente
E a vontade de pintar, com lápis de cor, estrelas candentes,
Sinto quando perto a mente viajar entre as suas palavras.
Sinto de longe o seu toque mesmo que não me toque,
Simplesmente por uma lembrança de tê-la abraçado alguma outra vez.

Que termine!
Se não terminar... Que seja diferente!
Que você perceba que a minha timidez não deixa
Dizer o quão forte é isso
Capaz de revirar o meu interior à procura de uma lembrança boa.
Mas em tudo o que penso vem apenas a imagem sua
Dizendo-me que sente o mesmo,
E só por ser você já é bom por si só
É bom para eu entender
Que não consigo mais olhar para o lado...

...

Porque você está na minha frente
E é só isso que eu vejo.

Aponte o sol da ponte



Tenho a vontade de pular da ponte
Minha saudade enquanto se esconde
Extrai da lembrança o sumo do mar
De ondas leves que bate na pedra
Que presenciou um beijo doce sob o sol e o amar.

A minha dor aguda, pontiaguda
O meu brio sob a tua sombra, sombrio
Sinto-me um vazo sem ti minha flor, vazio
E quando ajo você parte e depois chama, ajuda.

Nem que Pessoa tivesse o Mar português para si, se fosse assim
Teria então descoberto a concretização de Clarice no "It", inteiro
Meio verso, disperso, propenso sob uma luz estranha, e sonha
Com Machado quebrando o Humanitismo, sou humano e sinto
Que você me ouvirá quando fora a hora. E agora
Pressinto-me sucinto, ponho o cinto
E apareço com sintomas de dor na coração que foi embora
Deveras sinto muito por sentir muito amor além do tempo
Por ti Senhora.

19 de outubro de 2011

Amor de anjo sem asa



Que vontade de te encontrar
Contar dos planos que bolei pela madrugada
Por onde andei, com o que sonhei
E o que senti enquanto adormecia.

Se você olhasse para trás me veria entre os arbustos
Colhendo flores e fazendo cartas de amor
Que serão jogadas fora juntas com a minha coragem de amar de novo.

Sou um humano sem asas,
Anjo caído, despedaçado cupido,
Tudo por um único motivo
O seu amor.

18 de outubro de 2011

Férias da vida

                                                              Imagem retirada da internet

Preciso encontrar alguém!
A minha abstinência de Amor não convence,
Meu café da manhã não faz sentido algum,
E o resto do meu dia parece chuva e vento forte,
E quando olho o sol do horizonte sinto-o tão distante
Como pássaro da luz na imensidão escura.

Precisei de férias da vida
Mas as férias da vida são o sono ou a morte.
O Universo tem estrelas e me dá sono.
Preferi o sonho de sonhar com um Amor real
Para acordar quando ele me acariciar
E depois de acordar e vivê-lo por um dia,
Quantas horas tiverem que ser... No final do ano...

Depois então escolho o Universo
Mesmo que o Amor seja algum universo oculto
Alguma frase bonita escrita no muro da razão
Britadeiras, gramas, colchão...
Amor que faz barulho, beijo na grama e termina no colchão.

Quero a intensidade de viver.
Sei que tudo vai acabar e eu não vou me lembrar de nada
Vou esquecer e fazer do nada a última lembrança a dois.
Se eu não me lembrar de nada depois das últimas férias
Então que eu me lembre agora de você, reze por você,
Peça sua salvação e que você me chame de lado
E diga que me ama.

A lembrança é a última nuvem que se vai depois da chuva,
E a primeira estrela que vem é o presente do Universo
Dando sentido à vida, ao Amor,
Para que mesmo que não lembrarmos depois das últimas férias,
Reste um coração bonito na mão e uma carta no bolso.
E se nada fizer sentido
Lembre-se que o Universo é a poesia em carta do nosso Amor...

17 de outubro de 2011

Antítese de entender


Ouvir protesto de comerciantes
Ver gente comprando a poesia de mendigo
Que sabe o valor de cada centavo
E detesta o suor caindo do rosto, careta de trabalho.

É preferível viver sem um centavo no bolso
Mendigando sorriso de quem chora por amor
Que sonhar em ser milionário, ser taxado de otário
Enquanto homem engravatado ri da tua ignorância.

O Sol e a Lua mistificam a alternância
É como falar de política e religião
Celebrar o gol do seu time
E ter um amor pra vida inteira.

A tua infância traduz o principiar da tua saudade
Dizer os segredos do seu país,
Trair os compatriotas que te roubar abaixo do nariz
No coração do voto secreto que vota a sociedade.

É fácil rimar consciência e ignorância
Rir da própria gargalhada da vida fatal
Viver em contradição com a tua ideologia
Ver a Lua sonhar acordada durante o dia
Admirar o Sol em foto na praia na noite fria
E mesmo assim votar em morar sob a ponte
Para poder socorrer migalhas aos montes.

O Sol e a Lua mistificam a alternância
É como falar de política e religião
Celebrar o gol do seu time
E ter um amor pra vida inteira.

Dia e noite a gente briga por mesquinhez
É como falar de política e religião
Celebrar o gol do seu time
E ter um amor pra vida inteira.

Deveríamos nos tratar igualmente, mas...
É como falar de política e religião
Celebrar o gol do seu time
E ter um amor pra vida inteira.



Poema de: Dartagnan Lemes di Bataglia

16 de outubro de 2011

Eu não sou



Não sou a loucura,
Mas estou ao seu lado.
Não sou o medo,
Mas pertenço ao teu desespero.
Não sou a dor,
Mas posso ser o motivo da tua descrença se quiser.
Não sou a solidão,
Mas estarei contigo quando não houver ninguém por perto.
Não sou a alma,
Mas posso sentir a tua beleza de dentro.
Não sou a calma,
Mas se estiver desesperada me procure.
Não sou um sorriso,
Mas posso fazer dois se você me ouvir.
Não sou a esperança,
Mas se me ver pode ser que acredite em alguma coisa.
Não sou a saudade,
Mas se houver algo inexplicável talvez você me entenda também.
Não sou o vento,
Mas imperceptivelmente a toco.
Não sou a alegria,
Mas dar-me-ei a você.
Não sou o amor,
Mas se você soubesse o que eu sou...

Não teria tanta graça assim,
Afinal, a vida só é interessante
Enquanto nada se sabe
E pode descobrir em instantes.

Enfim...

Eu não sou seu,
Mas se quiser é só pedir.

Amando o poeta da janela

Eu quero moça esperando na janela
E se o telefone a chama vai correndo
Sonha com um poeta só para ela
E o seu coração desordenado nada está entendendo
Como alguém pode mexer tanto com a cabeça da gente
E transformar o paraíso em uma constelação inexplicável.

Ela vê a lua tomar o lugar do sol
Espera na janela o homem da última despedida
Sonhando e pensando que a luz do farol
Era serenata no navio pelo amor da sua vida.

As estrelas vão chegando cada vez mais perto
E as nuvens de chuva forte agora vão molhando os olhos
E escorrem pela sua face como se fossem lágrimas
E as lágrimas dão luxo ao êxtase de vir descendo
O balão de brisa fria que arrepia os pelos
E a sensação que a melodia causa em quem está esperando
E ela se inclina para ver mais de perto
E ouvir uma canção que nunca lhe tocara,
Sente um beijo quente de segredo e desmaia
Nos colos do poeta que a acariciou na alma.

Ela não vê o sol tomar o lugar da lua
Dorme boba achando que tudo foi um sonho bom
E o poeta aprecia o amor da dama sua
E para provar que tudo existe deita, dorme e sonha junto no seu edredom.

10 de outubro de 2011

A mensagem que ficou na ponte



Olhe aquela ponte sobre as águas do Tejo
Foi nela que naquele dia de nevoada eu chorei
Lembrei de cada instante em que o tempo era apenas um adjetivo
E os sorrisos discorriam como termos de um verso.
Nela eu descobri qual a sensação do vento frio
Enquanto o calor ma fazia suar as tristezas dos erros do passado
E como se eu tivesse da vida apenas um fio
Sentei-me em suas extremidades e me invadi de norte a sul.

O inverno sempre foi a estação do aconchego
Filmes românticos e um simples jantar,
Mas sempre que a névoa formar pedaços de gelo dentro de mim
Voltarei àquela ponte sobre as águas do Tejo.
O inverso das folhas caindo é o pleno verão
Das belezas naturais e plataformas lotadas na estação,
Mas nunca haverá alguém que estará me esperando
Acenando louca para me abraçar enquanto na bagagem
Eu trazia a solidão de ter estado distante com medo de nunca mais voltar.

Eu poderia nunca ter saído de lá
O destino é um teatro de arena sem show
Enquanto todos estão lá, todas aquelas pessoas diferentes
Prontas para ver não sabem o que
E alguém se apresenta como o Maestro do silêncio.

Eu nunca disse para você ficar
Porque você sempre disse que eu era quem teria que dizer as coisas
E no instante em que eu me calei você viu como o meu coração tremia
E o livro que estava em minhas mãos escondia o último bilhete.
Carregando com as mãos trêmulas a Bíblia guardando o bilhete que dizia
“Quando você sentir saudades, basta prestar atenção no brilho das estrelas,
Verá nelas o seu reflexo como o espelho dos seus sonhos,
Então entenderá o porquê de eu ter falado com Deus e ter ficado quieto diante de ti.”

Mas você apenas virou as costas e pouco se importou para o chão,
Sob os meus pés, molhados.
Foi ali em que os meus dias se tornaram segredos de travesseiro.
Então resolvi descobrir o Tejo
E num dia de névoa, passando sobre a ponte, vi o meu reflexo na água
E um vazio me invadiu como se nada mais pudesse voltar
E o caminho que um dia percorri descalço tivesse sido apenas um sonho.

Peguei o último trem da meia noite,
Cheguei logo pela manhã e na estação lotada, cheia de todos,
Havia aquele mesmo vazio estampado no relógio, no tempo.
Um dia eu descobrirei quem o preencherá.
Espero que seja alguém que também saiba o valor da ponte do Tejo.

9 de outubro de 2011

Macário – A conversa entre meus eus


- Olha pela janela procurando o que não sei.
Deveras existe amor, mas eu não sei!
Inquieta minha vontade, minha necessidade,
Aumenta a intensidade dos instantes,
Pois instantes não são momentos e muito menos esses são eternos.
Cadê a chuva que há pouco me fazia esperançoso?
Humilho a mim mesmo prostrado de joelhos ao meu coração
Discreto, chorando da ausência do calor
E mesmo que o meu corpo sue sem cessar
Eu há muito não sei o que é sentir o aroma das seduções
Se acho que gosto me decepciono
Se acho que amo, num agouro desisto,
Se gosto de amor, sou desgostoso e maldito
Se amo o que gosto assim como antes sou o vento visto.

- Larga de ser irracional e sensível
Seja brutal e raciocine!

- Mas sempre quando o homem raciocina, ele briga, xinga e mata!

- O homem só enxerga ao outro assim
E não me venha com contradições
Sempre o vi amar e dizer que o amor acontece uma vez só.

- Oras larga de ser tolo!
Talvez eu não tenha amado.
Ou então eu ame tanto que não me importe de amar.
O ruim é que jamais me senti reflexo do recíproco,
Sou sempre o fim da embalagem.

- Como você é teimoso!
A crueldade prevalece à lágrima.
Ousar discordar é loucura!

- Mas e se houver alguém que veja o valor?

- De que? Da embalagem ou o fim que deveras deve receber?

- Mas eu não sou embalagem!
Até a minha casca é conteúdo de mim mesmo!

- E de que adianta?
És transparente no mundo preto e branco
De preconceito entre si próprio
E se ousar ser azul
Ai de você se alguém não gostar de azul.

- Mas o respeito ainda existe!
Eu creio nisso.

- Não mude a conversa
Falamos de amor!

- E para ser amor não precisa ter respeito por acaso?

- Nunca fora respeitado então!

- Mas respeito!
E quer saber...
Cansei de viver de sonhos, de versicular sobre jardins ou rosas,
Vou aproveitar o tempo que me resta, viver!
Afinal, a cada dia que passa estou mais perto do meu fim.

- Falas muita besteira, homem!
Você não consegue aproveitar ou viver sem amar!

- Então que eu ame o quanto for preciso!

- E por algum acaso você aceitaria amar aquela moça que se olha ao espelho?

- E por que não?
Se eu a conhecer melhor poderia amá-la.

- Mas e se ela viesse agora e te pedisse uma chance?

- Eu aceitaria!

- Mas ela não virá. O mundo é machista, inclusive as mulheres.
São os homens que tem que dizer
E ai dele se não for rico, ou não tiver veículo.

- Falas muita asneira!
Eu sei que algum dia ela virá e dirá
E a amaria não pela sua beleza de casca,
Mas porque sei que ela é linda na alma como no corpo.
Eu vejo isso ali... Olha só o espelho... Ela se reflete e me ofusca os olhos.

- Fala como se fosse Macário!
És tolo!

- E por acaso não o sou?
Na verdade me acho a sua parte interior mais oculta
Talvez nem meu pai a saberia.

- Pobre senhor Álvarez...

- E você?
Você também é ele.
O seu problema é que ainda está discorrido em linha reta
E vive atrás desse vidro e se parece comigo na casca.

- Tu sabes o que sou!...

- E por isso o disse!

- Eu não acredito!

- Porque és assim.

- E assim é que gostam de mim. EU sou o que o mundo quer.

- Olhe!
Ela está vindo em minha direção!
Quanta sorte!
Vou amar novamente!

[E nessa hora a jovem moça passa por perto do bom,
Escreve em sua mão direita: “Futuro”,
E na esquerda: “Medo e incerteza”.

Olha para o vidro, espelho, ou o que preferir
Sorri para ele que lhe retribui sarcasticamente como homem
E ela o leva para casa.

O que poderá acontecer?
Isso depende não só de você,
Mas de todo ser humano.
E se tudo estiver mudando
O vidro do impetuoso e insensível
Virará estilhaços.
E os pequenos e felizes passos
Do que acreditava amar
Entrará no caminho da jovem que juraste amar.]

Entenda-se em mim



Para que se dizer minha?
Ou então se achar entre os meus versos,
Caminhando entre os copos de leite
E saboreando meu íntimo com deleite?

O céu cinzento, o sol dormindo,
A gente correndo para não se molhar.
O som é triste, o show persiste,
A água cai sem pressa,
E flui, e acalma, e deixa sedento, e dilui
As nossas almas para que possamos nos misturar,
Sonhos com sonhos, nossos desejos,
Medos e medos, nós nos propomos
A não tentar compreender por que a lua está quieta
E as estrelas nas portas olham pelas frestas,
A gente se molhando, os lábios úmidos se tocando lentamente,
Os abraços apertados com vontade de se cruzarem
Unindo a matéria e a alma,
O desespero e a calma,
A flora e a animalidade humana,
Num propósito de tentar manter o tempo inerte,
Levando-nos onde a distância se inverte
Numa proximidade Katrina
Que chega, sopra, destrói o vazio,
Alcança o júbilo e a volúpia,
E por fim desabamos na imensidão do último sono.

Foi depois da chuva e da tempestade
Que vieram lá de outro lugar as sementes,
E nasceram os copos de leite...
E você chegou sem se apresentar,
Invadiu minha privacidade de sonhar em uma única noite de águas,
E as sob as águas discorrem os meus versos,
E meu íntimo descoberto
Para você deleitar.

8 de outubro de 2011

Antes do epitáfio



Soou como inocência
A carceragem da minha alma lúcida
Pedindo de joelhos os sonhos seus
Tão nossos...
Tão gritante que a minha voz desaparece.
É como o eco da caverna onde fizemos nossos planos
Suamos frio como corpos ascendentes à aurora
Fervemos! Como se queimasse o espírito,
Como se clamasse a Deus por meus pecados,
Éramos Leões ao Cosmos,
Virgens sobre as Estrelas,
Sargitariamos entre as Libras...
A noite era um cometa, laranja avermelhado,
E nossos olhos petrificados uns aos outros
Como se não houvesse olhos
Apenas caminhos entrelaçados ao acaso.

Não pague a fiança!
Não ouse dar um passo que nos distancie!
Longe eu sou como o vácuo,
É poeira que se esconde do vento
E não tem para onde ir.

Não fale com o juiz!
Não tente bancar a santinha
Somos pecadores do mesmo amor
Somos pecadores... Ouviu?
Que os céus abracem a nossa morte de abraços entrelaçados
Que os céus nos julgue pelo amor que foi Vivido!

Não peque!
Não peque!
Eu não posso viver sem ti entre os extremos.
Não peque!
Não peque!
Eu cometeria suicídio se o céu for a tua ausência.
Não peque!
Não peque!
Eu choro e estou fraco só de pensar que poderá ficar longe.
Por favor...
Não peque!
O céu é nosso... O nosso começo e o fim do Mundo...
A importância ainda poderá existir mesmo depois da morte...
Mas... Por favor! ...

Não peque...!

3 de outubro de 2011

“Soleumesmolua”

imagem retirada da internet


Sentir é viver em si
Escrever... Para mim é como sentir-me,
Mas não me sinto egoisticamente
Sou aprazível ao olhar do sol e da lua.

Sou vivo de manhã com sol
Sou descanso dos olhos quando vem a lua.
Mas eu sou eu mesmo quando é tarde.
Confesso que quando me sou
Não quero ser sol nem lua,
Quero ser diferente... Sou diferente!
Então eu seria eu mesmo refletido no céu.

Durante a passagem do tempo diário
Pessoas sem tempo
Pessoas paradas escrevendo em seu diário
Todas me vendo e sentindo como me sinto.
E dão-me um nome que pouco importa,
Se tem letra,
Se tem mistério,
Se tem verdade inabsoluta,
Se é criação nunca vista como antes,
Se é coisa que todos sabem que existe
E não vê.

Sou-me eu mesmo,
Sinto-me eu e vivo.
Se quer entender
Saiba que só entenderá se fechar todas as suas portas,
Seus medos, suas vontades, seus pensamentos e
Sonhos...
E não entender.

É isso!
É o reflexo no céu...
É o que sou.