26 de abril de 2011

A caminho de mim



Difamo tua acolchoada cama
Engano teus olhares de estrela
Insanos buscando algum lugar na fama
Façamos a tua imagem perpétua beleza.

Desfaço a mala e encontro um retrato
Rasgo e queimo minhas dúvidas platônicas
Refaço-me e num súbito de sanidade... De fato,
Trago meu cachimbo de madeira amazônica.

Descrevo em quatro atos minha certeza
Medos e receios de me perder e esquecer-me
Escrevo versos brancos e rimas sobre natureza
Rimo fauna e flora com amar-te.

Meu último ato foi revelar-me
Seu primeiro espanto foi ouvir-me
Floresceu a margarida e amanheceu a sorrir-me
Revelou-se dona de cartas anônimas a amar-me.

Teu ato, o quinto de uma história
O primeiro beijo não tardou a acontecer
Por conseguinte conquistei minha liberdade... Por que não glória?
Encontrei enfim o sol que procurava ao anoitecer.

21 de abril de 2011

Só com coisa só

Tentar descrever o que é viver a páscoa só
É como subir num prédio, pular e dizer que a vida é doce.
Nunca proferi palavras com tanto sentido
Quando o assunto é sentir-se inteiro e vazio.

Meu time é verde da esperança e branco da paz,
Mas em todo jogo de futebol sai briga e alguém perde.
Haja esperança.

Esperança tenho eu de ver todos felizes e ir ter com meu pai.
Meu gordo que sempre nervoso tinha a calma de me ensinar o caminho
Poderia não ser o mais certo, mas era o correto.
Hoje sigo seus passos
Tão lassos, poucos nós e menos laços
Não é presente, são frutos do passado
É desenho que não pode ser falado
É fato que não pode ser explicado de fato
É ter nação e não ser estado
É falar de tantas coisas sem sentido e ter se embaraçado
É... pode ser que aconteça mesmo
Eu ficando a minha vida inteira com alguém do meu lado.
Será proveitoso, pois há tanto que querem ficar na tua frente ou tomar o seu lugar.

O mundo ainda tem jeito. Só não sabemos qual é.
Está tudo misturado!
O jeito é me conformar,
Sentar, comer, verbalizar, dormir, sonhar e amar.

Era tão perfeito

Eu a imaginava como queria
Meus defeitos não eram nada
Minhas qualidades eram felicidade eterna
E ao seu lado éramos felizes apenas.

Foi uma vida pacata que me deixou desnorteado
Esqueci-me de ti minha doce menina dos cabelos claros.

Não hei de imaginar mais a mulher dos meus sonhos.
Hoje, maduro em tudo...

Idealizo a mulher da minha realidade.
Ponto final da verdadeira história que eu criei.

Tudo em dez minutos

Indo em passos lentos para a árvore que um dia a conheci
Desesperadamente à procura de lembranças suas
Demorei para chegar, horas de agonia
E quando cheguei e sentei na grama já alta
Olhei em volta e senti um vazio
O mesmo que outrora me preenchia de esperança
Hoje o que era êxtase não mais me alcança.
Vejo de longe o rio, correndo para algum lugar, algum mar
E naquele lugar ou em lugar algum, tanto faz
Ao mesmo tempo em que não acho o destino
Aquele que nós traçamos nas estrelas
Enquanto nos beijávamos e as flores desta árvore caíam
O destino morreu quando nos perdemos.

Alessandra, Alessandra...
Doce menina dos meus sonhos infantis
Serenata em noite de chuva ao canto do chafariz
Perdoe-me tê-la esquecido.

Era tolo menino e a fiz
Hoje bobo homem e a esqueci
Pudera eu tornar minhas miragens verdade
Puderas tu ter teimado em não ir e ficar
Pudera o mundo ter desaparecido
E assim você sempre ficaria aqui.

“Lu” da lua cheia daquele dia
“Lê” do vento suave que batia
Nós que fomos tanto um dia
Ninguém...
Foi o que tornaste no meu presente
Alguém...
É o que eu queria de presente.

E o tempo passa...
E os sonhos se vão...
E percebo que sua existência não existiu...
E entendo que não existe perfeição...
Só porque a tive enquanto estava ao teu lado,
Mas você nunca existiu.

Acho que estou louco, portanto
Te amo. Alessandra te amo. 

20 de abril de 2011

Lágrimas n’água

Tenho-me errado enquanto só
Devaneando mulheres, todas belas,
Algumas serenas
Outras, a algazarra as embeleza.
Desato-me
Em uma profunda crise existencial
E os meus sonhos, e as ninfas,
Parece sentimentalismo barato, paixão banal.

Encontro-me ao perder-me
Entre os olhares discretos
Em uma mulher estranha
Que não me recordo de tê-la visto
E o que veio a óbito quando tive traição
Veio até mim neste exato momento.

Ah! E quando olhastes enquanto eu a desenhava
Com meus olhos de baleia
Chamando em silêncio pela Sininho, ou Sereia
Tanto fada quanto obra de arte na areia
Gritei com o coração,
Mas tão baixinho que não sei se me escuta.

Enquanto tenho-me e desato-me
Encontro-me, pois perco-me.
Nada entendo, portanto vou embora.

Gosto de curar as lágrimas
Então se me ver de longe...
Chore.

13 de abril de 2011

“Gordo, vai dormir porque tem que trabalhar amanhã!”


Aprendi a não andar descalço
Sabendo que o caco de vidro, lágrimas ao chão,
Não entrassem no meu corpo e derramassem meu sangue.

Sou fruto do ardor que colhe a alma que não se abate
No seu retrato sorridente, alegre e orgulhoso,
Vendo-me diante de ti com deleitosas gotas d’água caindo pelo queixo
Buscando jogar-se para encontrar o chão que tantas vezes pisaste.
Meus sorrisos ao mostrar notas escolares, medalhas de honra ao mérito,
Contando histórias engraçadas, tristes e tantas outras coisas no sofá de casa,
Fazendo poemas demonstrando um amor incompreendido
E você, tão tímido, com toda sua brutalidade e um toque de leveza, os corrigindo;
A cada viagem para longe, uma mensagem no celular, uma ligação de saudade,
A preocupação de não perder uma jóia rara que poliu até crescer.
Tudo isso é pouco...
Todas as noites discutidas, as vezes em que não pude dar explicações,
AS verdades mal ditas, tantas as desobediências malditas,
Tudo que trazia à tona um filho ingrato depois de ser coberto com o manto do amor paterno.

Minhas desculpas por artes não valem mais,
Minhas lágrimas de raiva e solidão se esvaem tristes,
Minha cabeça pedindo colo e o meu corpo implorando consolo não se movem;
Devasto mundo insensível que tiraste do mundo a minha força
Mesmo que ela tenha ido feliz [que aceito e também me felicito]
Poderia ter esperado para que eu lhe desse mais um beijo, um abraço,
E lhe dito em uma conversa de algumas besteiras, dezenas de insultos,
centenas de dúvidas, milhares de respostas e no fim apenas uma coisa que me faz mais falta
Dizer que te amo.

11 de abril de 2011

O outro poeta

Detesto ter que explicar por que tem de ser assim.

Tudo tem seu tempo
O tempo tem tudo o que quer
Controla todo sentimento
Quando sente que o poeta ama.

Várias chibatadas de arrependimento
Conseqüência do mau pensamento
Não condizente com os olhares para o desenho
Que é feito em horas
E o tempo pode apagá-lo em milésimos de segundos.

Ele chora de saudade, mas não sabe
Grita os por quês e nada adianta
Ele vive de amor e ama esperança
Traduz pelos cantos de sua feliz cidade a sua felicidade
Enquanto apaixona-se pelos traços delicados em um pedaço de papel.

Sua raiva são pedras na água
Seu sorriso é semblante de golfinho
É homem o pobre menino
E sofre quando está ou não sozinho.

Todo custo de vapor a pagar
Custa-lhe o sonho de escrever
Um poema ou uma canção de amor
Para aquela que ele decidiu amar
E morrerá nos versos pelo caminho que ela for.

 

9 de abril de 2011

Meu vizinho

Águas vivas na janela.
Pardal que aprende a voar esquece o medo de errar.
Ponho fogo alto e acendo o charuto
Duas tragadas e um verso sobre nuvens
E tudo embaça.
O som da bateria do vizinho aumenta
O dó tem cheiro de Mi, e faz Sol, Lá, Si...
Agora o cachorro do vizinho,
Não o vizinho, mas o cachorro,
Late em qualquer tom
E o barulho do som
Da bateria do vizinho traz canção pesada
Sobre sua mulher amada
Dormindo sob sua música preferida.
E o relógio do vizinho
Não tem tempo e não para de tocar
Informa que está na hora de abaixar o som,
Mas o ingrato do vizinho
Que não fuma, cheira e bebe
Brega por sua idade
Dizem que não é feliz de verdade
Está contente,
Está bem na minha frente.
É disso que tenho medo
O meu vizinho
É o meu reflexo no espelho.

8 de abril de 2011

Roda viva

Abro a porta do quarto
e dou de cara com o jardim imerso
Toda água que está lá fora
São fragmentos líquidos da minha saudade.

Cai a primeira pétala
E a muda de margarida falante
Muda o sentido da vida
Enquanto não fala, fica muda
É coisa miúda
Se não percebermos como o enlace dos braços em sintonia é fundamental
Assim como todo gole d’água é vida.

Ar está para solidão assim como sorriso está para meus pensamentos em você.

Busco um meio leve, pouco brusco
Enquanto chove e o arco-íris cumprimenta o sol
O pote de ouro é o anzol
Para a perdição dos dizeres preteridos. Nunca achados.

Pude estar nas nuvens, olhando aqui em baixo
Mas meu fanatismo por doces
Me fez crer que nuvens são sonhos altos prontos para serem devorados.
Pesadelos é que são salgados.

No alento que encontrei entre as folhas de poemas
Baú de lembranças das artes bronqueadas
Bolas de natal na árvore enfeitada
Pronto para esperar a chegada
Do velhinho de vermelho e barbas brancas
Voz branda
E um presente eterno: amor.

Posso ficar feliz em ganhá-lo,
Mas é efêmero se eu não puder compartilhá-lo.
Então volto a sonhar
E abro a porta do quarto...

3 de abril de 2011

Meu poema

Seria estranho dizer que nada sou
Sou nada mais do que alguém
Que os outros gostam e detestam
Que julgam e que amam
Enfim, sou reticências.

Gosto de palavras, sinceras, pesadas,
Honestas e maltratadas,
Complexas e singelas.
Gosto de chocolate e odeio canela
Gosto de coerência e não de coesão
Nunca coeso em meus pontos finais de poesia
Porque meu sentimentos nunca acabam
E não existo em inspiração.

Sou reflexo de meus olhos no espelho
Enquanto os dias nublados vivem
O vidro embaçado é sobposto às minhas marcas com os dedos
Os meus atos contam segredos
E se quiserdes saber de onde vem tudo isso
Basta ler a minha mente.

O dia em que alguém conseguir
Não mais precisarei palavras proferir
Nem mais amar.

Enquanto outro mundo existe...

Não que eu queira demais
Ou que eu tema perder
Mas tento ser capaz de ser o que sou capaz.

Fica vivo aquele que morre de vontade de amar?
Adoece o coração que se desespera enquanto sente
Que não há nada no lugar?

Perdão meu Deus por duvidar do meu ardor
Creio fielmente na felicidade que tenho com o Senhor,
Mas suplico que minha alma viva de amor
Assim como sempre me reergui
O perdão devorador dos meus pés calejados de correr atrás
Pensando estar à frente enquanto parecia estar imóvel,
Não passa de grunhidos de solidão enquanto acha que achou
Enquanto sua pena é aprisionar-se
Enquanto o choro é revelar-se
Enquanto os dentes à mostra de um sorriso é delirar-se
Enquanto delírios é sonhar
Enquanto os sonhos vão me levar
Enquanto não sei aonde é o meu lugar
Enquanto todo lugar é minha casa
Enquanto a casa é meu abrigo
Enquanto meu abrigo é a quentura do meu coração
Enquanto meu coração ferve e bate
Enquanto bate a saudade de amar
Enquanto amo,
Sempre caio de ponta cabeça
E o meu mundo encontra-se assim certo
Enquanto tudo gira sem cessar
Sinto-me um mundo inabitado
Pronto para dar todo oxigênio
Àquela mulher que pouse na minha terra
E deixa-me feliz por eu assim ficar.

Começo, meio e fim

Começo por apaixonar-me
Em meio às conturbações segredar-me
Continuo a decifrar-me
Acabo por amar
E não saber meu futuro
Por querer a felicidade junto de alguém.

Re-vida

Guardo no mais profundo do meu eu
O menos fraco sentimento para alguém que longe está
Nem solidão me bate à porta
Nem gratidão há de entrar.
Agarro ao travesseiro da noite passada
Enquanto sonhei com tua vinda em minha vida
Desejei tê-la por perto
Senti seu cheiro, doce,
Mesmo que, todavia, não fosse teu.
Meus pensamentos enxergam coisas que os olhos guiados
Por mais que em torno do planeta possam ver
Dentro de ti mora a visão mais sincera do amor que virá
As colinas do teu coração
Que abrirão caminho para as minhas lágrimas virarem um mar
Cheio de sorrisos e sonhos
Propósitos e jantar romântico.
Clamo ao Senhor maior, Mestre da minha vida e Maestro da minha sinfonia
Que derrube bênçãos sobre a minha letra
E envie anjos para cantarem ao fundo
A música de uma nova vida.
O amor vive em mim.