27 de agosto de 2011

O amor da noite



Nenhuma pedra se assemelha a você
Caminho meu com você é tapete de nuvens
Se então caminho tiver pedra
Seria então pedra preciosa.

Um abraço sendo um nó
Nunca é um só, é um laço
Que se faz e se desfaz
E tornou-se o anzol que me pescou.

Eu sonho em um dia sonhar contigo
Eu sonho em um dia cobrir seu sorriso
E os meus lábios serem o teu abrigo.
E os meus olhos... Os seus sonhos são o meu colírio.

O mar nos teus pés é brasa
A maré lhe traz correndo
Me alegro e ainda assim me surpreendo
Com o teu cheiro de essência d’água.

Pega a minha mão, sorria sem contradição
Aceite meu anel de pedras como uma maresia
Seja meu dia como a noite do meu sonho...
Apenas proponho que continue aqui.


23 de agosto de 2011

Teu quadro, meu tempo




Penso na mulher de poucas formas
Todas infinitas, muitos formatos, uma mente
Prolonga minha insônia e reforma
Todo meu interior, novo guarda-roupa, sinto-me diferente
Sou quem sempre fui, mas não me custa ser mudado por você.

Penso-a e sento no banco da praça
Pego a tela e a aquarela
Pinto toda sua beleza, disfarçada em sua graça,
Para que possa pintar meu caminho ao lado dela.

No seu retrato por mim pintado
Eu posso mexer no seu futuro
Ser quem nunca pude, plebeu a cavalo.

Posso transformar todo seu presente
Só me é impossível mudar esse sorriso que aturo.

Ele significa meus tempos. Coisa que não se vê.


18 de agosto de 2011

Última vontade de você




Desate-se de mim mesmo.
Socorra o meu ego.
Não deixe que eu peça água a esmo.
Tenho sede do seu amor e não nego.

Pegue meu mistério e conte,
Leve ao pombo correio,
Não tema o mútuo receio
De meu coração se esfarelar sem horizonte.

Jure sempre atender aos meus pedidos
Sonhe comigo em todo raiar do sol
E mesmo que de fechar seus olhos sejam impedidos
Essa é a tua essência, esse é o teu crisol.

Não negues meu Pai sobre a minha fotografia.
Não sabes o valor da lágrima com saudade.
Combina meu fim com minha realizada verdade.
Então descrevo um abraço sem mais bela ortografia.

A tua vontade de mudar,
A tua imaginação,
E a tua capacidade de visão,
É o que podem dar pés ao sinônimo de sonhar.


17 de agosto de 2011

Até mais ver, Claricinha




Oh! Minha doce Clarice,
Teu vestido transparente
Sendo teu interior
De Incógnita beleza,
Mente interrogativa,
Lança tua verdade nua,
Lança teu olhar deslumbrante,
Doma meu ego pensante,
Afoga minha alma crua,
Acrescenta-se em menos,
Não se diminui jamais.

Tão simples que a torna mais.
És o calor e o sereno,
És tão óbvia como nunca,
És acento, consoante,
Obra, autora e figurante...
És tão única e tão tua,
Tão poema e tão narrativa,
Quanto fé e natureza.
Tua tortura, teu amor,
Tão mudo e tão aparente
Que chorei quando partis-te.


16 de agosto de 2011

Tudo tem sua rima




Tem essência um prato de comida?
O manjar com gosto de dia
A saudação, aperto de mão, um simples bom dia
Traz a parte da solução
Que se dissolve na rotina
Descrevo meu despertar na manhã finita
Infelizmente não há pessoa que não minta
E diga que o sol sairá antes de terminar o dia
E a chuva, a brisa e a vontade indistinta
De fazer a lua mais parecida
Com o semblante do sol do meio-dia.

Encontraremos em qualquer matina
A bata do padre, o terno da executiva,
Mostruário e acervo, vitrine e livro de arte com tinta,
Peça a seu amor que lhe permita
Pular do paraíso enquanto grita
O quão feliz está e como se sentia
Enquanto estava só na sua hipocrisia
Tinha tudo, tinha nada, tinha metade do que queria.
Tinha muro, tinha cerca, não tinha vida e não sabia.

Encontrar quem te diga
Que a beleza da água estava viva enquanto o refletia
Tira foto, tira seu desgosto, tira tudo o que não te completaria
Tira a tira do quadrinho em que seu coração não pulsava e ela não existia
Tira o colchão de solteiro e reze para ter seu amor
O último verso concretamente não rima?
Veja qual a semelhança entre o amor e o beija-flor que bica
água para saciar a sede e procurar comida.

Entenda a semelhança entre o real e a magia.
Vai falar que receber um beijo no rosto não lhe traz inspiração para alguma melodia?
Percebe o quanto uma palavra pode explicar qualquer sentido pretérito, minha filha?
Não há tanta diferença entre amor e honra ao mérito, todavia
Haverá o que não havia antes de acordar e ver passar a guerra sadia
Do dia-a-dia para continuar com a amada, mesmo com suas manias,
Sua TPM, suas gritarias, suas coisas tão suas que sua ausência lhe traria
A falta nua e crua daquilo que nenhum falar diria,
Que nenhuma declaração ousaria,
Que nenhum chão machucaria
Quem nunca veio, está aqui, virá ou viria
Nos transformar nesta perfeita harmonia
Entre um eu, um você, e o entender que tudo isso rima
Daria até para bolar alguma melodia
Mas convenhamos que apenas o luar que no infinito brilha
Já basta para transformar todas estas palavras em um único dia.
O dia em que conheci a cura para a dor, o tom, o pão, o beijo, o abraço e o que significa
Amar até que o espaço do meu coração fosse ocupado pela última vírgula
Que dá sentido a este último ponto final... E a poesia termina.

14 de agosto de 2011

Nada é como antes




Vejo o retrovisor embaçado
Me vejo continuamente pretérito
Viro perito, dono e honra ao mérito
Daquilo que decidi segredar
Meu futuro é segredo de estado
Estatal meu presente contestado
Por mentir, fingir e amar,
Detesto possuir enquadrado
Meu atestado, comprovante do meu passado,
Violado, divulgado nas redes sociais,
Hoje ninguém vive mais,
Mais vive aquele que se tranca com cadeado
Que aquele que posta na internet que está ocupado
E todo mundo que quer cuidar da própria vida
Se interessa de repente pela sua
E ela então nem sua é mais.

Você pula, corre, sua
E o retrovisor embaça
Você atravessa a rua descalça
Sobe na calçada e agradece pela vida poupada
O cara da Ferrari, o cara da Charrete,
Soberba luxuosa, ódio ao que não se tem nem se sente,
A riqueza está em sermos nós,
A pobreza nos doma quando estamos sós,
A nobreza só existe quando a natureza perde a voz
Nada existe! A natureza somos nós.
O que você tem postado tem a ver com seu passado?

A sua vida social tem maior importância?
Viva o estado sagrado da dissonância!
Você fala o que quer, ouve o que não quer
E no final tudo acaba passando.
E o retrovisor a cada despertar embaçando
E você não vendo seu passado sumindo,
Tudo o que era simples e bom, evaporando,
E você se preocupando em cutucar.

Faça o que quiser!
Eu prefiro limpar o retrovisor
Andar, correr, curtir,
Amar, perder, sentir,
Gritar, resolver, repercutir
Sonhar, viver, e você aí
Na sua vida inútil, no seu carro estacionado.


Enquanto me gosto



Eu não sei por que as pessoas se lembram de mim
E nem sei por que não se lembram
Sei que estão presentes na memória,
Mas as pessoas são tão esquecidas.
Se esquecem do próximo,
Se esquecem de si,
Se esquecem do que sou para elas
E do que elas são para mim,
Se esquecem de aparecer de surpresa,
Se esquecem que vivem por causa da mãe natureza,
Se esquecem de Deus,
Se esquecem de lembrar,
Se esquecem de esquecer,
E acho que é por isso que se lembram de mim,
E se esquecem de que eu estou sempre aqui
Perto de mim.


12 de agosto de 2011

A letra de músicas embaralhadas


A cidade está empesteada de maus Indolinianos.

Onde estão os derivados da causa justa?
Onde está minha blusa que perdi na passeata?
Eu fiz a serenata para te pedir em casamento,
Te dei um ramalhete de flores
Te apresentei o meu coração mais avermelhado,
Te acordei no meio da noite
E ganhei um vaso na cabeça, um galo.

O galo cacareja até de manhã
O anel no meio das violetas
Que não são violetas, são azuis celestes,
O vaso que me deste
Na noite da maestria secreta
Em que a letra escrita na minha testa
O poema mais belo declama
Que não obedecia a nenhum morfema do professorado
Que teve as letras embaralhadas por causa do galo
E ficou essa canção do sereno só. Que dó.

O cacarejar do galo com o anel
No meio das violetas até de manhã
Que são azuis celestes, não são violetas.
Na noite da secreta maestria
Em que na minha testa, a letra escrita,
E o vaso que me deste
Declama o mais belo poema
Que do professorado não obedecia a nenhum morfema,
Que por causa do galo teve as letras embaralhadas.
E que dó. Ficou só essa canção do sereno.

9 de agosto de 2011

A escolha



Eu não sei lá nem sei aqui
Eu na verdade não sei de nada
Apenas digo as coisas aleatoriamente.

Não há muitas diferenças entre dizer aleatoriamente e calar-se,
Ou existe,
Afinal, as pessoas têm o prazer de sentir prazer nas coisas desinteressantes.

É tão interessante dizer em discórdia sobre o que concordamos
Assim como dizer em versos o que significam sílabas
Toda arte pressupõe-se que seja arte,
Mas ela é contraste
Do que somos e o por quê existimos.
A nossa igualdade em sermos distintos
E ao mesmo tempo achamo-nos igualmente parecidos
Fazemos revoltas, suprimimos nossos subjetivismos,
Substituímos nossa audácia por instinto,
Você conta a verdade e eu minto, e vice e versa.

Pode ser que seja mais irritante dissertar a poetizar,
Dizer a falar, sorrir a chorar, lutar ou se deteriorar em destilados.
Ficamos com o céu, partimos para outro caminho ou vamos para baixo?
Olhe para o lado e veja o que está à sua frente,
Olhe para frente e ignore os lados do que está ao sul,
Olhe para dentro de si e olhe para o espelho,
Então veja... O que acha diferente?

Sim,
É essa dualidade entre o eu e a sociedade
Entre o que você pensa e o que acha,
Entre o que eu penso e o que acho de você e de mim,
Entre o que está dentro ou o que já bebi,
Entre o começo e o que pode ser que termine,
Entre o não escuro e qual passo você quer que se ilumine,
Entre isso e entre tudo aquilo que nunca pensou em ser,
Entre tantas frestas que nos confunde,
Entre tantas portas entre abertas
Que prefiro me sentar por aqui
Esperar e olhar,
Pensar e ficar calado,
Surtir efeito doloroso e estar anestesiado,
Contra tudo o que o prefeito, a política tem falado,
Sobre você estar sendo ou não enganado,
Enquanto tudo o que você vive não passa de enganação.

Marque um xis na questão correta
Você é si, sociedade, qualquer coisa ou poeta?
Não que os poetas sejam diferentes ou iguais
É apenas uma opção já que sou poeta
E penso diferente dos demais,
Pois mesmo que essas vertentes me corroam
Eu insisto em não me persuadir,
Continuar na ilusão se ser acima de tudo isso
E assim sou enganadoramente feliz de mim.

Fugindo de mim mesmo




Quando o sol deixa de ser figura
E a sua pureza deixa de parecer chuva
Porque a poluição do mundo está na mente
E se você diz que eu posso, você mente
Porque a dor de um nunca é a mesma da gente
E dois nunca será um nesse mundo indigente.

Se Beija flor voou para me ver de longe
Esperando assim estar mais perto
Que não se sinta triste com minhas lágrimas, espero
Que não se envergonhe que não me vê com esmero
E assim continua a história do desespero
De quem não sabe andar só sem se olhar no espelho
Ver sua imagem rabiscada pelo passado sombrio,
Presente indecente e futuro indecifrável.
Autor da linda história inenarrável,
De alma intransponível,
De amor insensível e crueldade incomensurável.

E segue a linha do destino
Do homem que não sabe andar sozinho
Que perdeu o Beija-flor e seu caminho
E sem o sol da noite e a lua da manhã
Sem o calor e o frio das montanhas,
Sem os arrepios que no olhar sombrio se perde,
Acha-se apenas a inquietude da alma desgarrada
Do seu princípio pré-julgado
Do indício de assassinato não cometido
Do coração à outrem nunca prometido
Do tive, terei ou tenho tido,
Da minha audácia ou falta de tino
Falta-me qualquer esperança ou último suspiro.

Perdido, escondido, revertido em contrastes,
Não me perdôo por encontrares
E ter-me como mentiroso e no fim
Medroso e fugitivo.

7 de agosto de 2011

Ego meu



Eu quebro o vidro da minha cara
E quando eu quebro nunca mais conserto
Porque só há uma coisa que eu mais detesto
Detesto meu ego
Não sou nenhum subgênero inventado
E não quero o meu ego alimentado
Quero que ele morra de fome.
Por que ele nunca grita seu nome?

Eu aprendi a desabafar e a entender
Eu gosto de dizer e escrever
Eu só sei desabafar se escrever.

E você alimenta o meu ego
Quando te vejo partindo
Eu sabia que você nunca esteve perto
Porque você desabafa sorrindo
E eu consinto e te entendo.

Minha música



Eu gosto de quando você é imprevisível
Faz das flores que lhe dei borboleta
Faz do tão aparente amor uma carta secreta
Eu amo a sua volta
De quando você diz que foi me ver
Eu faço a tua escolta, troco a luz da sala
E você faz o meu amanhecer.

Nunca esqueci de quando você subiu no último andar
Ameaçou pular se eu não cantasse a nossa música
Você se empenhou tanto em me cegar de amor
Você me fez dormir, sonhar e te compor.

Não foi a primeira, foi depois da segunda feira
Que eu lhe prometi o mundo
Não foi nenhuma freira, frade, dama nem vagabundo
Foram dois pássaros fazendo o ninho,
Construindo seu cerco familiar
Foi para longe o Beija-flor, sugar do pólen
Que te adocicou.

Nunca esqueci de quando você subiu no altar
Me beijou quando cantei a nossa música
Mas foi você...
Que se empenhou tanto em me cegar de amor
Você me fez dormir, sonhar, e te compor.

O mundo nunca esquecerá
Da letra e melodia da nossa música
Só por que foi você...
Que se empenhou tanto em me cegar de amor
Me fez dormir, sonhar e te compor.

6 de agosto de 2011

Cama de cetim


Era mais fácil se você pudesse adormecer
E não ver as guerras, as dores,
As pessoas que lhe fazem mal.
Seria melhor se você pudesse esquecer
De todo sofrimento pelos seus amores
Que você tanto amou e eles nunca fizeram igual.

Se você dormisse
Poderia sonhar com o que lhe faz bem
Campos imensos de girassóis,
Rosas prateadas e copos de leite com chocolate,
Pão com requeijão, e frapê, suco de abacate,
Piquenique e nós.

O mundo que te cegou
Poderia ter deixado em seu coração a revolta
No momento em que você sonhou
Com uma cama, uma carta e flores em volta,
Ouviria sua intuição e abriria a porta
Para que eu pudesse trazer o amor de volta.

Se você dormisse
Poderia sonhar com o que lhe faz bem
Campos imensos de girassóis,
Rosas prateadas e copos de leite com chocolate,
Pão com requeijão, e frapê, suco de abacate,
Piquenique e nós.

Se você dormisse
Poderia sonhar com o que lhe faz bem
Campos imensos de girassóis,
Rosas prateadas e copos de leite com chocolate,
Pão com requeijão, e frapê, suco de abacate,
Piquenique e nós.

2 de agosto de 2011

Perto da lareira



Acende uma vela e vem
Para perto da lareira
Onde esperamos a noite passar
Contando histórias de amor
Para quem quiser sentar e ver
O fogo revelado e sob o reflexo dos nossos olhos
Ouvem-se mil recitações de brigas e poesias.

Nada do que a luz apagada incita
Incita-nos a esquecer de que não foram sonhos
Nem mesmo fizemos planos
Deixamos o destino agir por instinto.
Pressinto que há mais gente por aqui
Imaginando que somos algo perfeito
Se pensa pode ir saindo,
Pois somos duas imperfeitas vertentes se unindo
Para que se haja uma verdade surgindo.

Há milhões de histórias como essa
Que no final não passam de filmes de terror
Onde o monstro detesta gente grande
Que se torna criança com uma lanterna debaixo do cobertor
Fazendo planos e trocando ideias
Somando os tantos contos que guardaram nas meias
Para que não de chances para as pilhérias dos olhos invejosos.

E enquanto o sol se prostrava para os cegos
Tomando o frio que calculava seus egos
Sob a cegueira que tremulava os seus corações
Tudo mudou depois de uma madrugada na lareira
Enquanto dois imperfeitos contavam suas piores histórias
Completadas com seus melhores sentimentos
Não houve defeito que não aparecesse sob a luz das velas
Nem alguém que discordasse daquele momento
E no final
A imperfeição deu lugar
A um show solar
A uma festa interior
Daqueles que nunca souberam ou acreditaram no amor
E no jardim prontos para se despedir
Se olharam nos olhos e o resto não contamos aqui...
Apenas deixamos que você acenda uma vela
E conte, perto da lareira, sobre a noite que por amor não conseguiu dormir.