25 de outubro de 2010

Estou chegando

Não é fácil estar n’onde estou, sentir o que me arrepia, ouvir o que nem mesmo o mais corajoso seria capaz, e pensar tanto em uma só coisa como se essa fosse um tormento incapaz de fazer algum mal, contudo o mesmo faz com que você se sinta preso a alguma coisa que não sei qual é, mas mesmo se soubesse não gostaria de nem ao menos tentar fugir.
Enquanto fico eu aqui devaneando e o tempo vai passando, discorrendo sobre sua efemeridade que em mim torna-se finita e no infinito do meu íntimo corre contra si mesmo para que eu possa te encontrar.
É devastador o furacão de loucuras que contornam minhas vontades coesas e insensatas; é desorientação quando me acalmo antes mesmo de entrar em delírios e alucinações buscando um porto seguro para minhas descontroladas ações.
Julgo-me pelo primeiro ato, arrependo-me pelo segundo, perdôo-me pelo terceiro e no quarto faço tudo aquilo que foi conseqüência do que já se foi.
Se você acha que estou bem, espere só até ver o que está rabiscado nas paredes do meu quarto, o que acontece com o que é material em meio aos meus revoltosos sentimentos revolucionados pela saudade; espere só até saber que o que faço por ser certo me faz errado perante outros olhos e sob os teus sou indiscutivelmente verão em meio ao desconcertado inverno que já foi outono.
Neste instante posso até estar descrevendo o que me corrói, mas você sabe que ao mesmo tempo em que penso e sinto não consigo agir e compreender os porquês, pois afinal, tudo o que me orienta até você se desfaz quando enfim a encontro; tudo vira de ponta cabeça, de pernas para o ar, os pés encostados no céu, as costas na montanha e as mãos no mar feito especialmente para você com as águas das mais puras e sinceras lágrimas do precisar que me faz viver.
Preciso descansar meus olhos que vêem suas caras, movimentos, seu pensar e seus sentimentos, aproximando-os do meu coração, para que estes se acostumem a ter você por perto, e mesmo quando não estiver, olhar para os pés e fazê-los ir lhe buscar.
Espero que fique bem sabendo que há alguém que pode lhe dar aquilo que mais há de precioso: o amor.

20 de outubro de 2010

O último beijo entre as nuvens depois do mar



Cai o giz que desenha
Meu nome junto ao seu,
Nas areias da praia
Que o mar apagou,
Levou embora de tanto que gostou
Da saudade que bate e o peito pede arrego
Os peixes sensatos aprendem que o medo
Da água que traz as palavras de alguém
Não ferem, não dói, mas carrega consigo
A saudade de um homem que clama por seu bem.
Aceitam o destino e levam consigo,
O que carrega no peito
Do adulto menino
Que jura de joelhos a verdade que o mata.
Tsunamis e tempestades,
O pavor do futuro que abarca seu destino
O grande menino agora em apuros,
Não se contém e se agoniza,
Não sonha alto nem minimiza
Os seus sentimentos que apelam
E rezam para chegar
Através do mar
Lá do outro lado
Com peixes nadando e o céu tempestuoso.
E com o olhar vertiginoso
Alivia-se por saber
Que os peixes chegaram e souberam o que dizer:
“Vive o homem do outro lado que se debate de saudade
Pela mais bela jovem que por aqui clama seu nome para que venha buscá-la.
Ele vem ali logo atrás, nadando e nadando e pretende chegar
Ele vem só para te ver e suas súplicas curar.
E então morre de amor para seu nome eternizar.”

Longe, bem perto

A cada parada, uma nova estação.
A cada partida, a mesma saudade.
A cada chegada, livra-se do vício, cura-se por especialidade.
A cada grito de socorro, velho herói, novo filme de ação.

Se dispersa hoje o que ontem doeu,
Se completa com sobra o que ontem faltou,
Se me chama eu demoro, mas sempre vou chegar,
Se longe pareço, por distante estar,
Se distante ao longe bem perto do lar,
É por que lá se encontra o que quero buscar,
E andar de joelhos, chorar e rezar,
Escolhe entre as flores, o perfume inalar,
Encontrar a resposta do por quê te amar.

14 de outubro de 2010

Reaprender

Foram cruciais as gargalhadas da desgraça alheia
Este usufrui o poder que tem para benefício próprio
Aquele se mostra submisso a quem o submete ao ridículo
Acolá pousa o pássaro branco já cansado de recados
Salvação não mais é tentar deixar nas mãos dos outros.

É mais do que preciso levantar e dar facadas
Deixar a comodidade dos elevadores e chegarmos ao topo pelas escadas
Usarmos coroas de arame farpado
Ser menos que um mendigo e mais que um executivo
Precisamos estar dispostos a sangrar por justiça de verdade
Sem que possa ferir a carne corrupta
E dizer não à corrupção carnal.

Somos animais sentimentais como qualquer outro
Tudo o que nos relembra derrota, arrepia
Já o que foi vitória, sucumbe-nos ao medo.

O sábio sabe que saber demais é exagero
O corajoso tem coragem por ter medo
O pássaro voa por livre ser
O homem quer ser livre para voar.

Contanto que ele não ache que para voar precisa já estar em cima
Pode ser que ele saiba que o pássaro
Não voa tão alto porque tem coragem,
Mas sim porque sabe que aqui no chão
A liberdade de andar por onde quiser
Termina quando a bala fere seu coração.

11 de outubro de 2010

ECO

Algumas palavras são tão fortes em nós
Que mesmo sem ouvi-las elas ecoam.
 Eu sempre desejei para o mundo,
Talvez eu tenha tido ou ainda tenho, não sei...
Só sei que é amor,
Amor,
Amor,
Amor,
Amor,
Amor...

Bom entendedor

Menina incompreensiva me escute!
E entenda pelo menos duas palavras
Das milhões de frases que eu disser aqui,
Dos infinitos sentimentos que eu chorar.

Eu suplico serenidade e você discute;
Sonho em mergulhar nas nuvens e você quer água;
Digo o que penso e você não entende que eu sofri,
Não por você me fazer, mas por eu te amar.

Hoje é inevitável abarcarmos separação;
Ontem tentamos evitar aborrecer;
Amanha inevitavelmente evitaremos solidão.

Só pedi para entender duas de todas as palavras minhas
“TE AMO” são elas para o bom entendedor
Que entende num olhar a poesia.

Tudo em um beijo

Olhe só as flores das árvores caindo
Lentamente. Lentamente. Lentamente.
Á medida em que o beijo parece o céu se abrindo,
A chuva se esquece de vir e vê o sol sorrindo.
Sorrindo flertando com a lua em seu oposto
E a natureza ainda dormindo debruçada no pé da flor
Que sente o medo, que tem sua cura através do beija-flor.

Olhe só os frutos surgindo
Rapidamente,
Á medida em que o beijo cessa e o céu já se abriu;
A chuva chega e o sol se deita.
Dormindo sonhando com a lua que trocou de lado;
E a natureza acordada observa a flor
Que se enche de coragem enquanto o pássaro a beija,
Ela sem medo e ele sem dor.

Com um caderno sobre as cabeças molhadas,
E segurando consigo uma gramática encharcada
Dentro, palavras explicadas. Fora, palavras sentidas.
Ele a leva em sonhos e salva para casa.

3 de outubro de 2010

Atípico

Houve um dia em que eu levantei feliz
Sonhei com uma sereia
Serena cantando na areia
Que é o porto seguro da onda nervosa.

Quero ver quem consegue subir na pedra de papel
Desenhar ali uma árvore de flores brancas,
Pintar com tinta verde e deixá-la rosa.
É nessa hora que descobrimos os segredos das coisas inexplicáveis,
Sensações arrepiantes e milagres benditos
De um céu cinza que traz chuva transparente.

Duvido que algum dia o homem desceu de um pé de laranja
Carregando jabuticaba com formato de banana.
Fé é a felicidade que emana de uma música que a natureza canta.

O impossível trouxe ao gato o poder de subir paredes,
Ao morcego que não enxerga, voar à noite,
E à coruja enxergar a olho nu
O que homem pela sua ciência não explica.
Tudo isso é verdade viva dentro de algum coração
Que se permite levar pelo vento da tempestade.

Descrença

Concordam com a reminiscência do tempo
Que nos remete a um futuro incoerente
Fruto do sonho de um adolescente
Que tanto pensa em crescer
Passa o tempo sem ver
E acorda todo desesperado.

Ancião com inexperiência
Guarda mor do pessimismo da década
Sem rosa e muito menos pétala
Nunca chegou ao apogeu e já é decadência.

Cadência transcendente da glória anarquista
Cético e maltratado coração revolucionário
Veste-se de palhaço e todos acham graça
Ignorância infame do cidadão cego
Enquanto eu luto contra tua visonha.
Olha o fardo que eu carrego
Por você não saber pra que serve dicionário.
Vou pesquisar o que é vergonha.

2 de outubro de 2010

Urna do apocalipse

Sobe à calçada e sai da rua
A ordem direta da situação é dependente
De você estar ou não presente.

Sobre a causa do desastre
É culpa sua
É tudo culpa sua.

Sobre querer ou não saber a verdade
A cegueira é sua que não vê
Que depende de você
Tudo é conseqüência da sua imoralidade.

É seu dever não cuidar do que é seu
Mas a decisão de todos inclui a sua
A importância agora é suma
Ou a decadência, ou o apogeu.

Senhor da sabedoria dogmática
O lucro é seu e divida com quem você quiser
A felicidade é sua, mas o governo pode obrigá-lo a compartilhar.

Não é mais questão de se orgulhar
Não é carência de gramática
Ou então falta de quociente ou resto da matemática.

A questão agora é quem deve ser?
Eu ou você responde?
A ignorância surge e a sabedoria se esconde
E o larápio mentiroso aparece
“Vou fazer diferente. Sou igual(nas entrelinhas). Prazer!”

1 de outubro de 2010

Sou humano

O homem
Que castiga a si próprio com preconceito
Faz preceito do seu jeito
Põe defeito em todo feito
Vai contra o que lhe é direito
Para todos os males, o acerto
Não convém com o que parece certo.

Ó homem
Que tende ao pessimismo
Diz que é a realidade
Enquanto morre de saudade.
Nobre valor do cidadão
Que se vende na escravidão
Por não ter tido batismo.

São tantas as suas palavras profanas.
São tantos os seus desastres naturais.
Tem nojo dos seus próprios ideais.
Nojo tenho eu das coisas mundanas.