29 de junho de 2011

Clarice LuizPector – Em meu peito






Escrevendo essa breve nota, começo por pedir desculpa...
Pela minha ignorância de nunca saber necessariamente o suficiente enquanto meu inconsciente diz que sei mais do que penso não saber.
Por hora devo lhes contar que tive um sonho, ou momento de reflexão (como preferir), e neste prazeroso instante tive uma constatação.
Eu entendo Clarice!
Talvez mais do que qualquer pessoa pensa que pode entendê-la. Ou não.
Eu entendo Clarice, porque mesmo sabendo de onde eu vim, prefiro arriscar-me a me descobrir por onde brotei que não sei onde é.
E a principal circunstância e fato de eu entender Clarice, é o de que eu não a entendo.
Ela disse que é um mistério por não ter mistério algum.
Eu, por ora, disse certa vez, que não me entendo e por isso não sei como são postas as vírgulas em meus finais de frases.
Entender Clarice é me entender. O ponto final é quando na mesma curva de uma estrada diferente não nos entendemos. Eu não a entendo, por isso compreendê-la é como achar a chave da porta secreta em sua própria fechadura. O interessante é que para a maioria, ou quase todos, a fechadura e a chave lhes são transparentes, e ficam procurando-as em lugares tão incoerentes, como em seus corações, no meio de suas palavras ou afins.

Muito obrigado Clarice!
É muito bom saber que para me descobrir, foi preciso esquecer que está frio e que havia cobertas em cima de mim.






28 de junho de 2011

Luiz seu filho


Pai, olha pra mim mais uma vez
Desde que você se foi
Só ouço falar de você
E sinto sua presença como nunca antes presenciei.
O teu cheiro virou sereno da noite
O teu sorriso se espalhou por entre as estrelas
O teu gosto por jogar bola virou meu sonho
O teu escondido prazer pela poesia virou meu vício
O teu ciúme virou meu fardo
A tua raiva, meu medo.
Enquanto uso minha voz para clamar você cantava
Enquanto disse que venci, você chorava
Enquanto perdia tudo, você se eternizava
Enquanto aceitei a Deus, você dormia ao seu lado.
Carreguei a tua cama de madeira até onde a minha serenidade terminava
O meu futuro que seria por você, virou rotina
Tudo o que me fazia feliz, era tua presença inata
Por que enquanto eu estudava, outrora você consentia e brincava.

A saudade me traz coriza
As lembranças são apenas cortinas
Que enfeitam a minha vida
E me traz a vontade de ver seus olhos brilhando, enquanto você enxergava que eu vencia.


Ao meu pai, Kleber Luis Cuaglio,
Que me fez escrever esse poema em 2 minutos
E demorar para escrever seu nome no infinito por meses.
E que ninguém ouse tirar desse poema essa breve nota
Porque tudo o que lembre o PAPAI é linda poesia.


25 de junho de 2011

Depois

Aquele dia em que você pediu
Para que eu lhe chamasse para sair
Eu te entreguei flores e você sorriu
O lugar era mal iluminado, mas bastou você sorrir
Para que o sol entrasse noite adentro
Procurando arrebatar qualquer pressentimento
De que esse amor poderia algum dia acabar.

Te conhecer foi um sonho perdido,
Porque eu estava acordado chorando por quem
Nunca deu valor às minhas palavras sem sentido
Talvez porque o sentido delas sempre tenha sido você.
Nunca pedi para ela me esquecer
Não confunda superar com desdém.

Se o mar deixasse de ser mar, e o céu deixasse de ser o seu reflexo
Nada seria diferente de te amar, não há mentiras na verdade pelo avesso.
Se tudo o que é palpável sumisse. Se o mundo virasse e tudo caísse.
Nada seria diferente de não estar vendo o fim, tudo é o começo.
Se as flores perdessem o cheiro. Se a gravidade desaparecesse.
Nada seria diferente enquanto você está por perto.

É alívio saber que eu te encontrei
Perdida pelos campos de algodão
Fazendo doce com as nuvens, neblina que cai ao chão.
É preciso entender e eu já sei
Que alguém curou meu coração
Das cicatrizes do que não era amor. Eram duas pessoas e a solidão.

Se o mar deixasse de ser mar, e o céu deixasse de ser o seu reflexo
Nada seria diferente de te amar, não há mentiras na verdade pelo avesso.
Se tudo o que é palpável sumisse. Se o mundo virasse e tudo caísse.
Nada seria diferente de não estar vendo o fim, tudo é o começo.
Se as flores perdessem o cheiro. Se a gravidade desaparecesse.
Nada seria diferente enquanto você está por perto.

E agora que eu pintei a outra metade do meu caminho
Abri os braços e as mãos para que fosse tocado pela sua luz
Desisti de pensar em futuro ou destino.
Permito-me flutuar enquanto você me conduz.

Se o mar deixasse de ser mar, e o céu deixasse de ser o seu reflexo
Nada seria diferente de te amar, não há mentiras na verdade pelo avesso.
Se tudo o que é palpável sumisse. Se o mundo virasse e tudo caísse.
Nada seria diferente de não estar vendo o fim, tudo é o começo.
Se as flores perdessem o cheiro. Se a gravidade desaparecesse.
Nada seria diferente enquanto você está por perto.
Nada seria diferente de não estar vendo o fim, tudo é o começo.
Nada seria diferente de não estar vendo o fim, tudo é o começo.


E exclamação.


Ser ou ser o que não se pode ser?
A resposta está no meu método
Sou um modo de agir sem procedimentos.

Aparecer ou deixar de me apresentar?
Faço, falo, escrevo. Não nessa ordem necessariamente.
E a interrogação é de quem não entende.

Amar ou deixar de estar na solidão?
Minha principal questão.
Muitas vezes deixei de estar. Por quê não agora amar?

Eu sei o que eu sou
Os outros é que não me entendem
Por isso sou incógnita.



23 de junho de 2011

Uma moça morena

Ganho a vida desbravando terras distantes
Morando em cabana de índio, árvores e cavernas,
Permito-me engrandecer sobre o mundo e seus instantes
No instante em que me dei conta, fiquei por ali.

Aonde tudo tem cheiro de álibi.
Aonde nada é como qualquer uma das outras terras.
Aonde a lua cheia é o eco da singeleza dos lobos uivantes.
Aonde tem moça morena e desespero gritante.

Na calma da água que corre fria
Acho ouro quando a esquento em meus braços
Fazendo dos sonhos da moça, a beleza dos meus.

A beleza natural faz com que toda a poesia
Do vento, da floresta, dos pássaros e dos riachos
Se curvem diante do obra de Deus.

Desbravador de meias rimas finais

Descubro por onde escrevo diversos papéis,
Diversas canetas, cores de tintas,
E palavras que expressam o indiscutível
Não o discuta, apenas mostro-o para fora de si.

Não se trata de histórias de lampiões ou cordéis
Nem de Marieta, nem de sonetos que ela recita.
Descubro nas rimas o imprescindível.
Não pressinto, eu sinto. Tudo que há em mim por parte de ti.

Meu desespero é madrugada nua,
Que brinca fazendo traços no horizonte
No nosso caderno de desenho para que possamos percebê-la.

A madrugada é o sono do sol, a tarde da lua
E uma brincadeira de esconde-esconde
Entre as nuvens e as estrelas.

Não quis fazer soneto porque já o descobriram,
E como é vivo em mim novas descobertas,
Escrevo sobre o que meus olhos nunca sentiram,
E quando a viram lá de longe, já lhes tremeram as pernas.

Formou-se então novas frestas,
Um caminho indistinto,
E as borboletas de asas abertas,
Mostraram-me qual o meu destino.

O final deste é intangível
Sabido pelos órfãos de amor, donos da solidão,
Nunca por mim, mero crepúsculo sensível.

Descubro no fim, lareira acesa e imensidão.
No início tudo era discreto, agora indescritível.
No meio de tudo, havia uma chave. A do seu coração.



22 de junho de 2011

Enquanto espero

Gasto todas as palavras em meus versos,
Meu vasto vocabulário se torna pequeno,
Perto do que sinto quando está por perto.
Meus vício indistinto, um lugar secreto,
Submisso aos meus instintos, lhe confesso,
Cheiro ainda o travesseiro no qual você deixou
As marcas de batom no espelho me dizendo “te amo amor”.
Em dois ou três versos termino o destino
Que você quis buscar em outro caminho
E só conseguiu achar a rota de volta
Aos meus braços quentes, teu ninho.

Guardo todas as suas frases de desejo,
Guardo na ponta da faca teu beijo,
Guardo no coração um relampejo.
Busco na solidão algum segredo,
Acho meu coração cheio de medos,
Procuro pedir perdão e encontro os
Fragmentos do meu coração no meio
Daquele colchão em que você dormia.
Guardo toda rima,
Em versos brancos semelhantes ao seu sorriso,
Que me cegava e tornava-me isso,
O molde do quadro pendurado na sala de estar,
Imóvel enquanto tua imagem eu guardava em mim.

Você, alvorada de luz, redentora de si mesma,
Tentou ir mais longe de mim sem a certeza
De que poderia viver assim, sem a devida tristeza.

Tornou a voltar sem mesmo saber o por quê.
Sem hesitar tomei a liberdade, com tal voracidade,
Sob aqueles olhos brilhantes, e ofuscantes de tanta vaidade,
Não encontrando rumo senão sob meu peito queimando
Com fogo ou sabe-se lá com o quê
Por saber que quando se está amando
É o sensato sinônimo de eternamente viver.


Encontrando-a além daqui

Vou sair por aí
Marchar por entre os campos
Subir as serras para alcançar meus sonhos
Enquanto isso... Peço para que fique aí.

Posso encontrar sob uma sombra de uma palmeira
Um segundo de sono, um minuto de paz.
Enquanto arranjo tempo entre o adiante e minutos atrás.
Enquanto pensava em você observando uma reluzente borboleta.

Tanta delicadeza contornando tão pequena beleza,
Assim como meus dias que se transformam em anos,
Quando sob o luar e a benção das estrelas
Devaneamos.

Passo de frente para as encostas
Do vale das flores brancas:
Rosas, violetas... Orquídeas e Copos de leite.
E para meu extasiado deleite
Todas elas têm o seu jeito de olhar.

Não se entristeça
A saudade é o cume de uma montanha,
Por isso nesse caso não dará tempo de tê-la,
Pois a minha volta será em breve.

20 de junho de 2011

Sobre Macário - VI Sarau UNIESP

Estive vendo o blog da minha querida Sereníssima (Jaqueline Zanetti): http://rotapsicodelica.blogspot.com/2011/06/uma-prece-com-clarice.html#comment-form
que simplesmente arrebentou no VI Sarau Literário UNIESP – A eterna dualidade entre Deus e o diabo.

Como alguns já sabem, sou aluno de Letras da UNIESP e participei integralmente e assiduamente para a realização deste magnífico Sarau, interpretando uma pequena parte do livro “Macário” de Álvarez de Azevedo, no qual fiz o papel do próprio Macário, com participação fundamental de Kátia (mulher da estalagem) e Marquisuelte (satã).
Dou a Macário um lugar reservado com bastante conforto dentro do meu coração de leitor, e interpretá-lo foi para mim uma grande honra. Procurei dar o melhor de mim para que tudo se saísse perfeito, ou próximo disso.
Macário, um jovem rebelde com a sociedade, se entregando aos prazeres noturnos, a vida boêmia, traz para o mundo de hoje um modelo de ser que se diz: “Aprendam como não se faz” e acaba pela sua rebeldia a entregar-se pelos prazeres que lhe é oferecido pelo diabo.
É interessante ver como mesmo ele sendo todo cheio de si, sua confiança maior que seu amor por seja lá quem for, Macário, por vezes, se surpreende imaginando ter sido obra de um sonho em uma conversa com satã.
Para melhor desfruto desse magnífico tema e dessa obra sensacional, deixo para vocês a minha apresentação:
Apresentação de Macário no VI Sarau Literário UNIESP 2011 - A eterna dualidade entre Deus e o diabo

19 de junho de 2011

Meu caro amigo

Eu queria escrever, mas não consigo!
Nem a madrugada, nem o luar,
Muito menos as estrelas me permitem, caro amigo,
Que seja possível poetizar
Sobre qualquer lanche que tenhamos comido,
Qualquer palavra que tenhamos trocado,
Qualquer hora de tantas horas que tenhamos sorrido.

Veja os galhos dessa árvore morta,
Olhe só o meu estado, deplorável,
Tentando vê-la entrar por esta porta.
É incrível como é tão sagaz,
Ostentar essa saudade de minutos atrás
Da reviravolta emocional que você me traz
Enquanto tento fazê-lo acreditar no inacreditável.

Minhas palavras foram tantas vezes jogadas na mesa
Assim como as flores caem no outono.
Embora eu tenha a absoluta certeza,
Se é que não há certeza absoluta.
Assim como possa haver rei sem seu trono.

Falo de rei, pois a confundi outrora com rainha
Dona dos campos floridos, da primavera maluca,
Com flores nascendo e fazendo-se minha.
Não adianta. Você não acreditar no que eu vi
Muito menos no que senti. Enquanto ela esteve aqui...

17 de junho de 2011

Até descobrir

Tudo o que sinto parte de mim
Tua luminescência é parte de mim
Tua presença é em parte o que há em mim
Todo labirinto compõe as partes do que pulsa em mim.

Segredos são meras semelhanças
Suas segregações súbitas e profanas
Sente o desejo de vida que sua por seus olhos
Sua, porque sentir-se está em ter-me em seus sonhos.

Na verdade conheces a verdadeira imagem
Da noite que veste branco por pureza
Não está na sua face verdadeira beleza
Da qual vejo nitidamente em seu interior, diga-se de passagem.

Mesclar loucura com métodos ineficazes de amar
Mas indiscretamente beijando-me, ou desejo de beijar
Moral faz o homem, morar faz-se depois de casar
Mas casar, é ter casa e ser casa de quem um dia foi o seu sonhar.

Não quero dizer que está perdida
Nem que toda encruzilhada é rua sem saída
Na verdade você é o caminho, Senhorita
Na verdade te descrevo sozinho e sozinha
Na verdade é tudo mentira que é tudo mentira
Na verdade é tudo verdade
Não nego ter dito o que sentia
No luar você encontrou a verdade, pois
Agora tudo feito, estou de saída. 

Amor de luar alexandrino

Seus cabelos tem o contraste do seu olhar
Que fixa e gentilmente condiz com seu jeito
De andar descalça pela areia branca, suas
Mãos cruzadas com as minhas e me dizendo
Que amar é qualquer toque sobre a sua face
E em uma mesma jogada de luz da lua
Faz transparecer a imagem da mulher n’água
Deixando o mar com ciúme e esta ser sua
Mesmo sendo o fim, corredeira que deságua
Em um precipício. Flor de uma nova história.

Tens um sorriso incandescente menina
Diz o autor da rima que vive o amor.
Ela quase sem jeito se deita na areia
Fecha os olhos e pede para as estrelas
Sem se quer pensar, o poeta encantado
Com tal formosura que se posa deitada
Ouve as estrelas dizendo e fecha os olhos
Deita-se, a beija, a toca, se apaixona.
E no final do crepúsculo, vem à tona
Um arrepio, calor de olhar apaixonado.

15 de junho de 2011

Segredos de lua

Ter o imperdoável em suas mãos
E querer ajustar as horas do relógio
Noite de eclipse, tempestade de fumaça
Pede o homem a cautela, relembra seu declínio.

Primata desde os arrepios do coração
E ainda ter tendência a declarar o lógico
Não sirva no prato o sabor da sua desgraça
Temperado com cortes no coração, um assassínio.

Lugares distantes são mais belos
Uma vez que o que está perto
É tanta mesmice que nenhuma beleza vemos.

Um lugar no universo temos de certo,
Longe é mais fácil dizer com olhos lacrimosos serenos
É nas palavras fáceis que encontramos o amor secreto.

14 de junho de 2011

Aquele quadro transparente

Guarda-chuva de papel
Se esfarela quando as lágrimas do céu
Caem feito pena de beija-flor
Derramando palavras que nas nuvens desenham o amor.

Tem raio feito de sabão
Estoura quando toca o chão
E quando caem de um em um milhão
Soam a melodia da baiana e o coronel.

Toca piano sem teclas
Sublinha-me pelas arestas
E sinta a brisa tirando-lhe o véu.

Tem bateria que ecoa notas ainda não descobertas
Tem dó da mocinha na proa com destino às ilhas desertas
Tem mocinho esperando na praia recitando um cordel.


Nasce um amor da improbabilidade, desvendando vertentes ocultas, outrora verdades comprovam a realidade: o amor é a fantasia absoluta.

13 de junho de 2011

Acaso – duas vidas

Houve tempos em que a saudade machucava
O peito arfava querendo suprir essa dor
E os espinhos envolta do coração sangravam ,
E as brumas...
A tal das brumas que envolviam minha calma,
Cegavam-me e nada mais se ouvia... Era a solidão.

Outros tempos
Em que os sorrisos alcançavam dois dedos de lua
A orla da praia salientava o insaciável
E os mares, bem como suas ondas saltitantes
De encantos obscuros de dois tons... Escalas de ré
Ensurdeciam-me e tudo eu via... Era a paixão.

E quando as duas torrentes de ar se encontraram
Solitários sob o céu estrelado
Apaixonadamente à procura do sonho perdido
Encontram-se ao meio de multidões de flores e cheiros
Amores perfeitos e tudo encontrou sentido.
Nada mais era preciso entender... Era a vida a dois.

10 de junho de 2011

Homem sem fé e amigo do nada


É uma da manhã e acordo
Do sonho que tive enquanto não durmo
Minhas pálpebras inchadas de morto
Atrapalham minha visão de mundo
Mundo este desgraçado
Você tem nojo do seu chão
Nojo tenho eu das coisas mundanas
Do teu olhar simpatizante
Das rosas que não são rosa
Dos rosários que sentem os dedos com fé
Da fé que sucumbe o homem ao nada
Das cidades e da roça
De jovens drogados: cheirados e fumantes
Da policia que rouba e o ladrão que quer comer
Da barata fé que o homem se desculpa por ser nada.

Tende piedade de nós
Pois o homem é carnívoro e mata-se
E suas mãos imundas são inatas
É próprio de quem ama suprir esse amor
E com desculpas falsas e farsas desculpadas
Charlatão é o mestre e o doutor
Que são mais que a gente
Se sentem fruto e não semente
É a audácia e a humildade inexistente
O caráter indecente
E o óbito da fé de espírito pelo desejo carnal
E a carne se esfria
E a desculpa de hoje em dia
É o processo atroz das coisas. O natural.

Tenho enjôo quando ouço falar de Deus
Pelos violados e maldosos
Deus é um invólucro da bondade
Não o desejo do fútil.
“Homem inútil!”.

Nunca ouse tu
Falar de santidade
Porque teu corpo mesmo nu
Difama teu interior.
Espero com toda minha fé
Que a tua sociedade
Que vive sobre o mesmo véu azul
O mate por rancor
E tenha piedade Deus da tua alma
Imunda e casta.
E nunca... Ouça! Nunca!
Nunca peça a Deus que o salve depois de tudo isso
Porque ele pode salvá-lo
E eu confio que pode. Eu confio nEle.
E você não merece isso.


6 de junho de 2011

Ela tem, ela sabe e eu apenas tenho sabido

Ela tem olhares distantes
Tem jeito de menina doce
Tem sorriso de menina má
Tem vontades de ir onde você está.

Ela tem um jeito cruel
De entender o impossível
De sublinhar o infinito
E descrever o universo.

Ela tem sentido de palavras
Seu olhar é estrofe
Suas mãos são os versos
Sua serenidade é declamação de sonetos.

Ela é pronome indefinido,
Tem sentido
Tem vontades e defeitos
Se é que tem como defini-los.

Ela é catarata e também é monte
Ela é calor no céu e frio no horizonte
Consigo senti-la perto mesmo longe
Ela me deixa assim... Distante... Doravante.

Ela não sabe quem eu sou
Se ela soubesse não sei
Só sei que aprendi o que é amor
Do resto apenas me recordo.

Ela tem o ar da manhã
E o sol do meio dia
Ela tem fome, tem sede,
Mas não parece verdade.

Ela está em tudo
E mesmo assim me esqueço
Não sei se assim mereço
Ela traz num zumbido no ouvido, meu descanso.

Ela mal sabe para que eu existo
Eu mal sei se ela não é sonho
Enquanto nada escrevo ou proponho
Ela me deixa sozinho.

Ósculo, volúpia e palavras estranhas
Tem sentido formal e coloquial
Posso ser um poeta banal
Que mal sabe sobre suas próprias artimanhas.

Ela tem sua timidez
Eu sou tímido, mas não a tenho
Ela me tem mais de uma vez
E eu nada faço.

Enquanto me embaraço
E me refaço, e num acaso
Acabo. Sim é o fim. Acabo!
Ela me tem apaixonado.

Tem quarteto que diz e sexteto que sente

Tem cheiro de semente
Jeito autêntico de neblina da madrugada
Invade e me arrepia constantemente
Delírios vêm por imaginar o toque de suas mãos regradas.

Fui perdido por meses, talvez anos
Não sabia meu caminho, muito menos aonde chegaria
Frustrei meus planos por mixaria
Enganei-me por falsa felicidade.

Tive de escolher pelo caminho mais árduo
Para entender que toda dor é fruto da solidão
Meus rascunhos guardados revelam o ácido
Que continha no colchão em que eu dormia inquieto.

Perdão Senhor, perdão meu pai
Fui cego e também não os escutei
Disseram que eu poderia ser feliz, e pequei
Confesso que pouco aprendi, mas não mais errarei.

Toda saudade de colo
Vem à tona quando alguma foto eu olho
Penetrante e fixamente com lágrimas na face e na alma
Desespero e num refluxo de aspiração, o semblante dela me acalma.

Pouco imaginaria eu
Que apaixonar era uma mordida no pão
De quem sedento e faminto procura na raiz
 A súplica por Deus
E pede que alimente a minha alma de paixão
E o peito bate forte, pulsa sem freios, e ouve o que um beijo diz.

Surpreendo-me cada segundo de palavras estranhas
Querendo dizer coisas para alguém,
Mas são significados que só o íntimo nosso sabe.
Mais vale um sorriso de canto
Que um canto sem atrair sorrisos,
Pois a música incita-nos aos sentimentos mais profundos.

Corrói as entranhas
Deliciar-me de nobres sorrisos por alguém que me acha ninguém
E se não acha, pode ser que me ame, ou amará. Quem sabe?
Posso sentir um quebranto
Será Deus que trouxe chuva de amados e amigos?
Nada me vale melhor do que alguém que me ame nesse mundo.

Ao fim tratamos de deixar apenas poucas palavras
Enquanto este não chega queria dizer que está tudo sendo revirado
Nós sabemos que palavras bem proferidas só as são quando tem sentimento.
Poucos sentem como elas são deliciosas quando tem sentido e adocicadas
E faz sentido com tudo o que sentimos. Pode ser que esteja apaixonado.
Todavia concluo meu pensamento dizendo que penso, penso e penso...

E sinto no final do pensar
Que penso em sentir de novo, o súbito de amar.